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Quinta Dimensão

Fragmentos

Dezembro 15, 2023

Solsticio.png

Assombra-me um velho outono,
umbrífero, de galhos áridos.
Agasalha-se de névoa e sono
e despe-se de significados.

Arrefeceu, faz muito tempo
e o interior tinge-se lúgubre.
Sibilam fantasmas sem corpo,
num corpo de mente insalubre.

Há um vácuo que me gravita,
veneno que entope olhos fracos.
Do breu das cinzas, algo crepita...
Vejo, só, fragmentos cardíacos.

Boa noite, Noite

Agosto 24, 2023

BoaNoiteNoite.png

Que as ondas sonoras do mar, no seu voo,
encontrem a tua janela.
Que a música pouse na almofada onde, no silêncio,
proteges os sonhos.
Que a maresia te embale e, num manto de seda,
envolva a pele nua.
Que a Lua te beije os lábios e, ao ouvido,
segrede: "boa noite".

Silêncio por linhas tortas

Julho 17, 2023

comboio.jpg

 

Só, junto a esta ferrovia,
esmoreci quando não previa.
Só os comboios sabem onde vão,
o resto é fuligem e carvão.

 

A ferrugem dos carris nas linhas,
que entram no Douro e nas vinhas.
Socalcos, ravinas e aldeias
e fumo que tolda as ideias.

 

A solidão oprime cá dentro,
entre pensamentos, que esventro.
Castanheiros, Carvalhos e Pinhais,
golpes de mil infinitos punhais.

 

Porto a Pocinho, via Régua,
vidros refletem olhos e água.
Entre montes, fixo uma serra
e, calado, ouço “pouca terra”.

Rádio I AM

Junho 25, 2023

IAM.png

Aparelho de estática,
numa frequência apática.
Ruído em ondas sonoras,
decibéis perdidos nas horas.

Agitas ar sem sintonia,
num padrão de monotonia.
Gritos brancos e desconexos,
que entorpecem os reflexos.

Ausente, em estranhos mantras,
procuras, mas não me encontras.
Talvez não sejas empático?
- Máquina fria de plástico!

Fala! Mas sem dizeres nada.
Nada que fales me enfada.
Ensurdece os meus lamentos!
Clarifica-me pensamentos.

O teu som se ouça a milhas!
A minha voz ficou sem pilhas...

Escravo da Moda

Junho 14, 2023

yoda.jpg

Depois do “milagre” da multiplicação de visualizações, voltamos à normalidade. Creio que Deus leva a sério as questões do livre arbítrio e amor infinito, porque acabou por não me vaporizar antes que pudesse escrever o que escrevi. Ainda assim, mesmo sendo omnisciente, suponho que não se importou de abraçar o engodo que lhe lancei e fez questão de afastar as visualizações para ninguém ler. Desse modo, ambos ficamos felizes. Eu, porque volto ao reconfortante vazio da minha “casa” e Ele, porque teve uma atitude bondosa, ao poupar as pessoas de perda de tempo e sofrimento desnecessário.

Ao mergulhar na história do blog, encetei, num fôlego, uma espécie de viagem ao passado. Foi suficiente para perceber que algo mudou. Não me lembro do porquê, mas, a determinada altura (ou fundura) da minha vida, senti a necessidade da adotar um poema que me identificasse. Apenas, claro, para exercício e consumo interno. O primeiro poema a que recorri foi, com alguma naturalidade, “Amador sem Coisa Amada” de António Gedeão. Mais tarde, na lonjura das noites, procurei personalizar algo que me caracterizasse um pouco melhor. Algo que me identificasse e servisse como uma espécie de fato à medida. Não me importei de passar da seda do fato de Gedeão, para a ganga rota e serapilheira desbotada das palavras que cozi. Quis arriscar e cair dentro do poço que bebe de mim. Esse ensaio de poema serviu durante largos tempos, mas creio que já não me assenta. Começo a sentir-me uma espécie de rei vai nu.

Ainda que o monge comece por tecer o hábito, tantas vezes o hábito acaba a fazer o monge. Não quero obedecer nem, tão-pouco, fazer fretes a poemas. Não sei quem sou, mas, ali, já não sou eu. Mais ou menos na época em que escrevi o “Sombra Lunar”, escrevi o poema que, acredito, hoje me cai melhor. Hoje dispo as vestes rasgadas e visto o “Poema Invisível”.

 

 

Amador sem Coisa Amada – Poema de António Gedeão

"

Resolvi andar na rua

com os olhos postos no chão.

Quem me quiser que me chame

ou que me toque com a mão.

 

Quando a angústia embaciar

de tédio os olhos vidrados,

olharei para os prédios altos,

para as telhas dos telhados.

 

Amador sem coisa amada,

aprendiz colegial.

Sou amador da existência,

não chego a profissional.

"

 

Sombra Lunar

"

Parece-me, de noite, ver alguém na Lua,

solitário e prisioneiro do seu lado oculto.

Parece navegar as cinzas numa falua

e arrastar-se no sedimento como um vulto.

 

Existirão seres extraterrestres,

ou será apenas a névoa do meu olhar cansado?

Talvez só chamando cientistas e mestres,

para vencer as crenças e os dogmas do passado.

 

O mais certo é estar aluado,

desgostoso pela gravidade do espaço.

Triste e despedaçado por não ser amado

e ansioso por me deitar num regaço.

 

Mas não!

Não estou louco nem estafado,

muito embora haja quem diz o contrário.

É que não é fácil ludibriar o fado:

lá em cima só eu e este pobre diário.

"

 

Poema Invisível

" "

Vidagre

Maio 09, 2023

Vidagre.png

Numa garrafa de vinho,

esvazio goles de vida.

Embriago o caminho,

carrego-me à jazida.

 

Pelo corpo trespassam,

areias como areias que sou.

São sedes que não passam,

é uma morte que pousou.

 

Não há nada que se diga,

são dias que não engano.

É uma pesada fadiga,

que fundeia o arcano.

Anti-histamínicos

Abril 17, 2023

224px-Siglăfarmacii.png

Tenho andado com alergias. Não sei porque escrevo este texto, mas é possível que não esteja totalmente em mim. Suponho que a inalação de pó de pinheiro terá ultrapassado a dose de segurança recomendada pela OMS e me possa encontrar sob efeito de algum desequilíbrio hormonal.

 

No livro de Génesis, Deus proibiu o ser humano de comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

"

A serpente, que era o mais astuto de todos os animais selvagens criados pelo Senhor Deus, disse à mulher: «Com que então Deus proibiu-vos de comerem do fruto de todas as árvores do jardim!»

Mas a mulher respondeu-lhe: «Nós podemos comer o fruto das árvores do jardim. Só nos proibiu de comer do fruto da árvore que está no meio do jardim. Se tocássemos no seu fruto, morreríamos.»

A serpente replicou-lhe: «Não têm que morrer. De maneira nenhuma! O que acontece é que Deus sabe que no dia em que comerem desse fruto, abrir-se-ão os vossos olhos e ficarão a conhecer o mal e o bem, tal como Deus.»

A mulher pensou então que devia ser bom comer do fruto daquela árvore, que era apetitoso e agradável à vista e útil para alcançar sabedoria. Apanhou-o, comeu e deu ao seu marido que comeu também.

Nesse momento, abriram-se os olhos de ambos e deram-se conta de que andavam nus. Coseram então folhas de figueira, para com elas poderem cobrir a cintura.

Nisto ouviram que o Senhor Deus andava a passear no jardim, pela brisa da tarde, e o homem foi-se esconder com a sua mulher no meio das árvores do jardim.

O Senhor Deus chamou pelo homem e perguntou: «Onde estás?»

O homem respondeu: «Apercebi-me de que andavas no jardim; tive medo, por estar nu, e escondi-me.»

Deus perguntou-lhe: «Quem é que te disse que estavas nu? Será que foste comer do fruto daquela árvore que eu tinha proibido?»

O homem replicou: «A mulher que me deste para viver comigo é que me deu do fruto dessa árvore e eu comi.»

O Senhor Deus disse então à mulher: «Que é que fizeste?»

A mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi.»

"

Na antiguidade, em especial na mitologia grega, a serpente era tida como representante da sabedoria. É interessante verificar que foi a serpente - aqui confirmada como o mais astuto de todos os animais selvagens - que seduziu a mulher a abrir os olhos ao conhecimento. A mulher, desejosa por sabedoria, ousou quebrar as regras e partilhou a sua descoberta com o homem. Depois é o que se conhece. Ao longo da história assistimos a guerras, longas e sangrentas, entre religião e ciência. Assistimos, por parte de muitas religiões, a uma diabolização da mulher e até das próprias serpentes. Gostaria, no entanto, de retirar algumas notas sobre este equívoco milenar:

  1. Deus - que tudo sabe - saberia, enquanto Pai, que quando proibimos um filho de fazer algo, deparamo-nos com uma taxa de insucesso extremamente elevada. Fica a questão: Poderá Deus ter agido de forma premeditada?
  2. Quando Adão e Eva se deram conta de que andavam nus e coseram folhas de figueira para cobrirem a cintura, estavam ˗ na minha humilde opinião ˗ a dar os primeiros passos naquela que viria a ser a bilionária indústria da moda.
  3. Interessante notar que, quando Deus foi pedir responsabilidades, o homem culpou a mulher e a mulher culpou a serpente. Este padrão de assobiar para o lado e passar de responsabilidades não acontece apenas nas Comissões Parlamentares de Inquérito.

 

Por fim, gostaria de invocar o poeta "Charles Baudelaire" e o seu poema "A serpente que dança".

Para muitos homens será pecado. Para Deus, creio, será divino:

"

Em teu corpo, lânguida amante,

Me apraz contemplar,

Como um tecido vacilante,

A pele a faiscar.

 

Em tua fluida cabeleira

De ácidos perfumes,

Onde olorosa e aventureira

De azulados gumes,

 

Como um navio que amanhece

Mal desponta o vento,

Minha alma em sonho se oferece

Rumo ao firmamento

 

Teus olhos que jamais traduzem

Rancor ou doçura,

São joias frias onde luzem

O ouro e a gema impura.

 

Ao ver-te a cadência indolente,

Bela de exaustão,

Dir-se-á que dança uma serpente

No alto de um bastão.

 

Ébria de preguiça infinita,

A fronte de infanta

Se inclina vagarosa e imita

A de uma elefanta.

 

E teu corpo pende e se aguça

Como escuna esguia,

Que às praias toca e se debruça

Sobre a espuma fria.

 

Qual uma inflada vaga oriunda

Dos gelos frementes,

Quando a água em tua boca inunda

A arcada dos dentes

 

Bebo de um vinho que me infunde

Amargura e calma,

Um líquido céu que se difunde

Astros em minha alma!

"

Casal

Fevereiro 20, 2023

casal.png

São curvas sinuosas,

a cama onde nos deitamos.

Ondas suaves e vigorosas,

em que ébrios mergulhamos.

 

São etéreas as colinas,

que escalamos e descemos.

Serpenteando danças felinas,

rumo a sítios que não sabemos.

 

Por estradas e descaminhos,

entre mistérios e exotismo.

Percorremos gigantes e moinhos,

misturamos realidades e quixotismo.

 

Somos um tórrido deserto.

Pouca é a flora que brota.

Eu: não sei quem sou ao certo.

Tu: és apenas e tão-só uma mota.

Não é Normal

Dezembro 21, 2022

Labirinto.png

Fecho o mundo nos muros da cabeça.
Assim é menos custoso.
Que toda a Física me obedeça!
Que as desculpas perdoem o leproso.

Estranho e pesado autismo.
Esmagadora força gravitacional.
Ancora que aprisiona no abismo.
Ferida que me faz marginal.

Trilhos levam a nenhum lado.
Tempo escorre sem norte.
Quadrado, todo eu sou fado.
Calado, todo eu sou morte.

Se as nuvens se dissipassem.
- Essas mesmas que inventei.
Se as loucuras me libertassem!
...
Houvesse sanidade. Já a gastei.

Boas Festas!

Dezembro 20, 2022

Natal_Fb.png

A Fava
(poema de Vasco Graça Moura)

espero que me calhe aquela fava
que é costume meter no bolo-rei:
quer dizer que o comi, que o partilhei
no natal com quem mais o partilhava

numa ordem das coisas cuja lei
de afectos e memória em nós se grava
nalgum lugar da alma e que destrava
tanta coisa sumida que, bem sei,

pela sua presença cristaliza
saudade e alegria em sons e brilhos,
sabores, cores, luzes, estribilhos...
e até por quem nos falta então se irisa

na mais pobre semente a intensa dança
de tempo adulto e tempo de criança.

Tristezas Perdidas

Dezembro 03, 2022

mota.png

Há muitos anos transpirei esta algaraviada:

"

Sei apenas que, apesar das inúmeras incertezas,

a minha bicicleta corre mais que todas as tristezas.

 

Milhões de quilómetros por segundo,

a velocidade a que voam os sonhos.

Milhões: um número ambíguo e vagabundo,

um infinito de infinitos medonhos.

 

É assim a minha bicicleta:

corre a milhões de quilómetros por segundo.

Levanta voo sobre a realidade incerta,

para lá do céu e da gravidade do mundo.

 

Desfigura-se-me, nas descidas, a visão,

com toda a liberdade nas retinas.

Choram os olhos com imprecisão,

com o rasgão na monotonia das rotinas.

 

E a paisagem penetrante em ebulição,

com o vento a uivar segredos nos cabelos.

A estrada em que os três tempos fazem a junção,

num asfalto que enterra e cobre os pesadelos.

 

Pedalo cada vez mais depressa

e as tristezas não me vão alcançar!

Pedalo como se cumprisse uma promessa

e as tristezas não me vão alcançar!

Pedalo numa pressa que me apressa

e as tristezas não me vão alcançar!

Pedalo ainda mais depressa

e as tristezas não me vão alcançar!

 

Sei apenas que, apesar das inúmeras incertezas,

a minha bicicleta corre mais que todas as tristezas.

E, de facto, mais que tudo corre;

mas só corre enquanto o meu vigor não morre…

 

São, agora, duas horas da madrugada

e eu estava quase a sonhar.

Há alguém ou algo a bater à porta gelada

e vou espreitar, mas até já posso adivinhar:

- Bastardas... Foi difícil encontrarem-me?

"

- Chegou a mota.

Amor não correspondido

Agosto 01, 2022

espadas.png

Amor não correspondido

é angústia que transcende o grito.

Erro divino do Criador

que me fez mastigado e cuspido.

Denso pântano de atrito

que desnutre no seio da dor.

 

Amor não correspondido

é cárcere constritor de solidão.

Todas as cores são palidez

e, em todas, me encontro perdido.

Perene e infinita escuridão

em que nada tem alma ou calidez.

 

Amor não correspondido

não é amor, mas caixão.

E (de mim) vejo-me despido,

sem vontades nem paixão.

 

Mas tudo isso foi noutra era.

Tudo isso já passou.

Um dia matei o morto que era

e hoje sou o morto que sou.

Amador

Julho 22, 2022

NGC2336-galaxy.en.jpg

Sonhos dentro de pesadelos, dentro de sonhos.

Seremos tudo isso ou vice-versa.

Aglomerado de átomos estranhos,

centelha que se apaga e dispersa.

 

Talvez filhos da matemática,

mas não números!

Quem somos, nesta estranha dinâmica?

Senão meros pseudo-seres inseguros.

 

Por nada saber: não sei que não sei quem sou.

Incerto dia, num qualquer caos, o acaso me rimou

e algo (ou alguém) me pensou.

Porventura, nesse instante, algo (ou alguém) me amou.

Sísifo - Poema de Miguel Torga

Julho 22, 2022

miguel-torga.png

Recomeça...

Se puderes

Sem angústia

E sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.

Sempre a sonhar e vendo

O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças...

Ítaca

Julho 19, 2022

20220705_205600.jpg

Ítaca - Poema de Konstantínos Kaváfis (tradução: Jorge de Sena)

 

Quando partires de regresso a Ítaca,

deves orar por uma viagem longa,

plena de aventuras e de experiências.

Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,

um Poseidon irado - não os temas,

jamais encontrarás tais coisas no caminho,

se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime

teu corpo toca e o espírito te habita.

Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,

Poseidon em fúria- nunca encontrarás,

se não é na tua alma que os transportes,

ou ela os não erguer perante ti.

 

Deves orar por uma viagem longa.

Que sejam muitas as manhãs de Verão,

quando, com que prazer, com que deleite,

entrares em portos jamais antes vistos!

Em colónias fenícias deverás deter-te

para comprar mercadorias raras:

coral e madrepérola, âmbar e marfim,

e perfumes subtis de toda a espécie:

compra desses perfumes o quanto possas.

E vai ver as cidades do Egipto,

para aprenderes com os que sabem muito.

 

Terás sempre Ítaca no teu espírito,

que lá chegar é o teu destino último.

Mas não te apresses nunca na viagem.

É melhor que ela dure muitos anos,

que sejas velho já ao ancorar na ilha,

rico do que foi teu pelo caminho,

e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.

 

Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.

Sem Ítaca, não terias partido.

Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.

 

Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.

Sábio como és agora,

senhor de tanta experiência,

terás compreendido o sentido de Ítaca.

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