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Quinta Dimensão

Escravo da Moda

Junho 14, 2023

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Depois do “milagre” da multiplicação de visualizações, voltamos à normalidade. Creio que Deus leva a sério as questões do livre arbítrio e amor infinito, porque acabou por não me vaporizar antes que pudesse escrever o que escrevi. Ainda assim, mesmo sendo omnisciente, suponho que não se importou de abraçar o engodo que lhe lancei e fez questão de afastar as visualizações para ninguém ler. Desse modo, ambos ficamos felizes. Eu, porque volto ao reconfortante vazio da minha “casa” e Ele, porque teve uma atitude bondosa, ao poupar as pessoas de perda de tempo e sofrimento desnecessário.

Ao mergulhar na história do blog, encetei, num fôlego, uma espécie de viagem ao passado. Foi suficiente para perceber que algo mudou. Não me lembro do porquê, mas, a determinada altura (ou fundura) da minha vida, senti a necessidade da adotar um poema que me identificasse. Apenas, claro, para exercício e consumo interno. O primeiro poema a que recorri foi, com alguma naturalidade, “Amador sem Coisa Amada” de António Gedeão. Mais tarde, na lonjura das noites, procurei personalizar algo que me caracterizasse um pouco melhor. Algo que me identificasse e servisse como uma espécie de fato à medida. Não me importei de passar da seda do fato de Gedeão, para a ganga rota e serapilheira desbotada das palavras que cozi. Quis arriscar e cair dentro do poço que bebe de mim. Esse ensaio de poema serviu durante largos tempos, mas creio que já não me assenta. Começo a sentir-me uma espécie de rei vai nu.

Ainda que o monge comece por tecer o hábito, tantas vezes o hábito acaba a fazer o monge. Não quero obedecer nem, tão-pouco, fazer fretes a poemas. Não sei quem sou, mas, ali, já não sou eu. Mais ou menos na época em que escrevi o “Sombra Lunar”, escrevi o poema que, acredito, hoje me cai melhor. Hoje dispo as vestes rasgadas e visto o “Poema Invisível”.

 

 

Amador sem Coisa Amada – Poema de António Gedeão

"

Resolvi andar na rua

com os olhos postos no chão.

Quem me quiser que me chame

ou que me toque com a mão.

 

Quando a angústia embaciar

de tédio os olhos vidrados,

olharei para os prédios altos,

para as telhas dos telhados.

 

Amador sem coisa amada,

aprendiz colegial.

Sou amador da existência,

não chego a profissional.

"

 

Sombra Lunar

"

Parece-me, de noite, ver alguém na Lua,

solitário e prisioneiro do seu lado oculto.

Parece navegar as cinzas numa falua

e arrastar-se no sedimento como um vulto.

 

Existirão seres extraterrestres,

ou será apenas a névoa do meu olhar cansado?

Talvez só chamando cientistas e mestres,

para vencer as crenças e os dogmas do passado.

 

O mais certo é estar aluado,

desgostoso pela gravidade do espaço.

Triste e despedaçado por não ser amado

e ansioso por me deitar num regaço.

 

Mas não!

Não estou louco nem estafado,

muito embora haja quem diz o contrário.

É que não é fácil ludibriar o fado:

lá em cima só eu e este pobre diário.

"

 

Poema Invisível

" "

Agradecentim0$

Junho 12, 2023

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Fez, no passado mês, 16 anos que nasceu este blog. Apesar da relativa longevidade, houve um período considerável de inatividade, o que me leva a considerar a existência de dois períodos: o mais antigo, de 05/2007 a 06/2012 e o recente, de 07/2019 até este presente. Em retrospetiva, tive momentos em que escrevia com alguma frequência e outros em que quase não escrevia, mas não sou, por norma, pessoa de escrever muito. Ainda assim, sinto que posso escrever sobre qualquer coisa. Não porque sei de tudo, mas porque sei de nada. Desse modo, as expectativas são nulas e ninguém está à espera que produza um artigo científico, uma obra filosófica, ou um poema que faça rir ou chorar, enquanto respeita métricas. Nada tenho para ensinar e tudo o que tenho são anseios e limitações para aprender. Se me atrevo a apresentar respostas e essas não forem mais que uma ou mais perguntas, possivelmente estarão erradas. As próprias perguntas, muitas vezes, não serão as corretas. Em suma, escrevi, ao longo de todo este tempo, muitas asneiras.

Não me considero alguém deprimido ou depressivo, mas sinto-me a sombra de um homem que não chegou a ser. Tento, apesar de tudo, não me levar demasiado a sério e equilibrar as tristezas com uma espécie de humor que gravita entre a secura e a corrosão. Com mais ou menos dificuldades, mais ou menos tijolos, procuro cimentar pensamentos que me ajudem a organizar o caos em que, não poucas vezes, me encontro perdido. Elejo, com especial carinho, a poesia como modo preferido de expressão. São pobres poemas que mendigam poesia.

O blog tem passado relativamente despercebido. No entanto, recentemente, foi alvo da atenção da equipa do Sapo Blogs e, por razões que me são alheias, acharam que um dos seus posts merecia ser destacado. Apercebi-me do facto, quando comecei a ter um anormal número de visitas e comentários, que vieram perturbar a habitual pacatez deste refúgio. Quero, portanto, agradecer à equipa do Sapo Blogs, a gentileza que muito me honrou. Aproveito, também, para agradecer a todos os visitantes e leitores, dos mais antigos aos recentes. Na sequência, não posso deixar de enviar um sentido obrigado a quem subscreve, adiciona aos favoritos, ou tira algum tempo para interagir através de comentários. Por fim, destacar e estender o obrigado, a quem escreve e me concede a oportunidade de espreitar as suas histórias ou perspetivas sobre tantos assuntos.

A “Quinta Dimensão” continua a ser um blog pequeno, mas a frenética atividade, que explodiu nos últimos dias, perturbou-me. Primeiro fiquei assustado e, depois, apreensivo. Senti uma espécie de pressão para não desiludir quem pensava ter encontrado alguma coisa que valha a pena. Sem ilusões, não vale. Comecei, de imediato, a pensar como poderia reduzir as visualizações. Talvez, se escrevesse algo que fizesse com que me cancelassem? Ato contínuo, sabia que tinha de escrever algo sobre pronomes. Mas, gradualmente, desacelerei e respirei e acalmei-me. Sossega-me a ideia de continuar abrigado sob a manta do anonimato e pensar que o meu primeiro e mais crítico subscritor é o branco da folha.

Não lido com muitas pessoas, mas noto que umas são boas a arranjar carros, ou a conduzir camiões, ou a fazer planos de marketing, a programar aplicações para telemóvel, escrever pareceres, dar consultoria, vender carros, casas, ou outras coisas, a jogar ténis, xadrez, ou futebol... Enfim, a maioria das pessoas parece saber que é boa a fazer alguma coisa, nem que seja Sudoku ou a solucionar cubos de Rubik. Incomoda-me o facto de, até hoje, não saber a minha real vocação, aquilo que sei fazer melhor. Por momentos, no seio da azáfama do aumento exponencial de atenção que o blog teve, senti uma vertigem e a tentação de pensar que talvez soubesse escrever. Mas conheço minimamente a extensão das minhas limitações, para saber que é mentira e, com a mesma velocidade que a ideia chegou, partiu. Depois, li num dos comentários, de um leitor anónimo, que há bloggers a ganhar dinheiro. Uma, das imensas coisas, onde sempre fui muito mau, foi a ganhar dinheiro. Aquele comentário, somado às centenas de visitas e visualizações recentes, começou a atiçar uma certa ganância que desconhecia existir em mim. Talvez, quem sabe, tenha tropeçado numa mina de ouro? Tinha-me transformado num capitalista psicopata neoliberal e só me ocorria que tinha que monetizar o tráfego no blog. Como uma febre galopante, a busca por poder e fama subia-me à cabeça e, de repente, dei por mim possuído pelo maligno espírito de Sr. Edward Hyde.

Não sei muito sobre ganhar dinheiro, mas leio umas coisas sobre como amansar a voracidade dos impostos. Portugal é um país pouco amigo do empreendedorismo e criar uma empresa não me parece a melhor opção. Nesse instante, uma luz desce sobre mim e ordena-me que crie uma nova religião. Dentro da minha cabeça, ouço, distintamente, “Quinta Dimensiologia”. Tudo acontece de forma rápida e quase não tenho tempo para processar. O tempo urge e tenho de agir.

Entretanto, quem me segue há mais tempo, deve estar a lamentar-se pelo facto de cairmos, novamente, no tema “Religião”. A minha empatia, pois têm toda a razão e prometo que vou procurar uma maneira de reduzir. Devo, no mínimo, uma explicação. De forma resumida, desde tenra idade, até perto dos trinta, fui exposto a doses maciças de radiação religiosa. Suponho que, como Madame Curie, também eu, quando for enterrado, terei que ser encerrado num túmulo de chumbo, de forma a não contaminar almas mais fracas. Mas adiante. Sim, uma religião. Ainda que os mais céticos possam questionar a minha lucidez.

Se me perguntarem, como raio vou criar uma religião a partir de 21 seguidores? Direi “Homens de pouca fé”! Há cerca de 2000 anos atrás, um empreendedor e visionário, criou uma startup, com poucos ou nenhuns recursos, a partir de 12 seguidores. Hoje é uma das maiores religiões do mundo. Tudo bem que tinha um Pai extremamente poderoso e bem colocado no mundo literário, que até já tinha escrito uns posts bastante famosos. Que mais tarde, esses posts iriam ser reunidos, compilados e integrados, pela editora de Gutemberg, num bestseller e que, a essa compilação, chamaram de “Velho Testamento”. Tudo bem que esse Pai ajudou, mas, ao mesmo tempo, não existia toda a estrutura tecnológica e de comunicação que temos hoje ao dispor, como as redes sociais ou o Sapo Blogs. A startup teve alguns desafios, claro. Não vamos escamotear que, se nos debruçássemos sobre a categoria “Ameaças” da análise SWOT, iríamos encontrar “Pôncio Pilatos” e “Império Romano”. Entradas que não davam muita saúde a quem os desafiava. Porém, mesmo apesar da traição de um insider, que se vendeu por uns trocos antes de se encontrar com a forca, foi um investimento na senda da velha escola de Warren Buffet, com fundamentos, sustentação e foco no longo prazo. Obteve, por fim, um sucesso assinalável e inequívoco. Lamento-me, contudo, porque queria um negócio de crescimento um pouco mais célere e não pretendia esperar tantos anos por dividendos. Por isso, nem tudo são rosas e, certamente, serei “crucificado” pelo uso de tantos estrangeirismos. Ganharei, também, com um grande grau de probabilidade, um lugar de destaque, não no Sapo Blogs, mas desta vez no inferno.

Portanto, desisto! Faltam-me alguns atributos para levar a demanda a bom porto. Sou péssimo orador e careço do carisma desse guru inspirador e empreendedor. Há quem diga que sofro da síndrome do impostor e sou compelido a reconhecer que estão meio certos porque, na realidade, o que sou é um impostor, na sua plenitude. Mas, por fim, tudo se há de resolver. Este blog voltará a ser o que era. Já passa da meia-noite e os 15 minutos de fama devem estar a esgotar.

Astrologia para Totós

Junho 07, 2023

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Não acredito em astrologia, mas.

Domingo, fim de tarde, voltávamos de uma romaria local. A Leonor, minha sobrinha de 12 anos, lançou o desafio para fazermos uma corrida, ao qual a minha filha prontamente aderiu. Na sequência, ambas formaram uma multidão eufórica que, em apoteose, clamava pela minha participação. E o que uma pessoa não faz pelas crianças? Só que, desta vez, iria ser competitivo e não faria reféns.

- Matilde, o pai vai ganhar. Como és a mais pequenina, só tens 8 anos, é possível que sejas a última. É só uma brincadeira, não fiques triste.

Ouve-se: 3, 2, 1, partida! Sabia que, para vencer, tinha de colocar todas as fichas na aceleração. Disparo como uma bala e, com os olhos postos na meta, dou tudo o que tenho. Nesse instante, nada nem ninguém me pode parar, até que, abruptamente, sinto a glória esfumar-se numa pequena nota mental: “já devia ter ido à médica pedir um Raio-X ao joelho direito”.

- Pai, Ganhei! Vi que caíste, mas primeiro quis cortar a meta e depois ver se estavas bem. Tantas feridas, coitadinho de ti, pai.

- Não te preocupes, é só pintura. O pai está bem. Apesar de ter ficado em último, fiquei contente por teres ganho.

Agora, a astrologia:

Duvido que a órbita de Saturno se tenha cruzado com a de Kepler-186f, mas notei que a Matilde hesitou entre parar ou continuar a correr. Como se os seus Gémeos astrológicos estivessem em negociação. Por fim, o seu Gémeo competitivo venceu. Por outro lado, depois de ter ido com os cornos ao chão, lembrei-me que sou Touro.

Tinta por uma Linha

Maio 18, 2023

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Tenho, cada vez mais, dificuldades em escrever. Aprendo, progressiva e pacientemente, a arte do analfabetismo. Como dizia o meu avô, no seu jeito transmontano, vou de cavalo pra burro. Os poucos textos, que vou produzindo, são escassos em extensão e fracos em qualidade. De pouca relevância intelectual e de insignificante profundidade. Porque sei que são o reflexo de quem sou, deles, pouco gosto. E, por falar em quem sou, assalta-me sobretudo a desilusão. O vazio que preenche a distância entre o que não fui e o que não gosto de ser. Como se a alma tivesse desistido e abandonado o corpo que arrasto sem rumo.

Mas, ainda que escrevesse muito e escrevesse bem, jamais seria escritor. Sou profundamente inábil para desempenhar profissões. Assumo-me incompetente e péssimo profissional. Para esquecer as dores, aprendi também a enfraquecer a memória e, por conseguinte, tornei-me velho e arrasei a capacidade de aprender. Há demasiado tempo que, para minha tristeza, não evoluo. Deixei de olhar para cima e apenas foco os cordões dos sapatos para zelar que não me derrubam. Na melhor das hipóteses e recorrendo ao neologismo, diria que não sou mais que um parco escridor.

Boas notícias para a humanidade! Não vem mal nenhum ao mundo por eu escrever menos. Pelo contrário, é menos poluição. Procuro, apenas por uma espécie de curiosidade mórbida, perceber as razões. Racionalmente ocorrem-me alguns motivos que justificam o facto. Lembro-me dos catalisadores que, por norma, me levam a escrever e podem estar sujeitos a perturbações:

Primeiro tenho de marinar uns dias numa boa depressão. Este é fator eliminatório, porque não me vejo a escrever sem uma abastada e consistente dose de depressão. Ainda assim tem de haver um certo cuidado de afinação pois, apesar de forte, a depressão não pode exceder o aceitável, ao ponto de incapacitar a produção intelectual. É um equilíbrio extremamente desafiante e, não poucas vezes, reprovo.

Consolidada a fase da depressão, segue-se a busca pela bênção de Cronos. É preciso tempo, para que dentro do buraco negro em que me encontro, seja possível escutar e interpretar todos os sons e silêncios. Mergulhar na matéria negra e integrar a antimatéria. Abafar o ruído, libertar os gritos. Depois, com o léxico limitado do cérebro elanguescente, procurar as palavras que melhor traduzam essa ilógica dissonante. Agregar as frases e pontua-las, de modo a que respirem ou abafem, consoante a cegueira dos nós que se apertam na garganta. Ordenar o caos em parágrafos e dar princípio e meio a algo que apenas parece ter fim. Nestes dias, nestas noites, tempus fugit. Também, neste ponto, não tenho estado à altura.

Por fim, sentir que tenho algo que valha a pena ser dito. Algo, mesmo que valha pouco. Aqui aborreço-me. Depois de falhar as outras premissas, escrutino-me: corpo, coração, mente, espírito, alma, o que for... Uma e outra vez. Apenas uma depressão desafinada e uma perda de tempo. Dentro de mim, não encontro nada.

Anti-histamínicos

Abril 17, 2023

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Tenho andado com alergias. Não sei porque escrevo este texto, mas é possível que não esteja totalmente em mim. Suponho que a inalação de pó de pinheiro terá ultrapassado a dose de segurança recomendada pela OMS e me possa encontrar sob efeito de algum desequilíbrio hormonal.

 

No livro de Génesis, Deus proibiu o ser humano de comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

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A serpente, que era o mais astuto de todos os animais selvagens criados pelo Senhor Deus, disse à mulher: «Com que então Deus proibiu-vos de comerem do fruto de todas as árvores do jardim!»

Mas a mulher respondeu-lhe: «Nós podemos comer o fruto das árvores do jardim. Só nos proibiu de comer do fruto da árvore que está no meio do jardim. Se tocássemos no seu fruto, morreríamos.»

A serpente replicou-lhe: «Não têm que morrer. De maneira nenhuma! O que acontece é que Deus sabe que no dia em que comerem desse fruto, abrir-se-ão os vossos olhos e ficarão a conhecer o mal e o bem, tal como Deus.»

A mulher pensou então que devia ser bom comer do fruto daquela árvore, que era apetitoso e agradável à vista e útil para alcançar sabedoria. Apanhou-o, comeu e deu ao seu marido que comeu também.

Nesse momento, abriram-se os olhos de ambos e deram-se conta de que andavam nus. Coseram então folhas de figueira, para com elas poderem cobrir a cintura.

Nisto ouviram que o Senhor Deus andava a passear no jardim, pela brisa da tarde, e o homem foi-se esconder com a sua mulher no meio das árvores do jardim.

O Senhor Deus chamou pelo homem e perguntou: «Onde estás?»

O homem respondeu: «Apercebi-me de que andavas no jardim; tive medo, por estar nu, e escondi-me.»

Deus perguntou-lhe: «Quem é que te disse que estavas nu? Será que foste comer do fruto daquela árvore que eu tinha proibido?»

O homem replicou: «A mulher que me deste para viver comigo é que me deu do fruto dessa árvore e eu comi.»

O Senhor Deus disse então à mulher: «Que é que fizeste?»

A mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi.»

"

Na antiguidade, em especial na mitologia grega, a serpente era tida como representante da sabedoria. É interessante verificar que foi a serpente - aqui confirmada como o mais astuto de todos os animais selvagens - que seduziu a mulher a abrir os olhos ao conhecimento. A mulher, desejosa por sabedoria, ousou quebrar as regras e partilhou a sua descoberta com o homem. Depois é o que se conhece. Ao longo da história assistimos a guerras, longas e sangrentas, entre religião e ciência. Assistimos, por parte de muitas religiões, a uma diabolização da mulher e até das próprias serpentes. Gostaria, no entanto, de retirar algumas notas sobre este equívoco milenar:

  1. Deus - que tudo sabe - saberia, enquanto Pai, que quando proibimos um filho de fazer algo, deparamo-nos com uma taxa de insucesso extremamente elevada. Fica a questão: Poderá Deus ter agido de forma premeditada?
  2. Quando Adão e Eva se deram conta de que andavam nus e coseram folhas de figueira para cobrirem a cintura, estavam ˗ na minha humilde opinião ˗ a dar os primeiros passos naquela que viria a ser a bilionária indústria da moda.
  3. Interessante notar que, quando Deus foi pedir responsabilidades, o homem culpou a mulher e a mulher culpou a serpente. Este padrão de assobiar para o lado e passar de responsabilidades não acontece apenas nas Comissões Parlamentares de Inquérito.

 

Por fim, gostaria de invocar o poeta "Charles Baudelaire" e o seu poema "A serpente que dança".

Para muitos homens será pecado. Para Deus, creio, será divino:

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Em teu corpo, lânguida amante,

Me apraz contemplar,

Como um tecido vacilante,

A pele a faiscar.

 

Em tua fluida cabeleira

De ácidos perfumes,

Onde olorosa e aventureira

De azulados gumes,

 

Como um navio que amanhece

Mal desponta o vento,

Minha alma em sonho se oferece

Rumo ao firmamento

 

Teus olhos que jamais traduzem

Rancor ou doçura,

São joias frias onde luzem

O ouro e a gema impura.

 

Ao ver-te a cadência indolente,

Bela de exaustão,

Dir-se-á que dança uma serpente

No alto de um bastão.

 

Ébria de preguiça infinita,

A fronte de infanta

Se inclina vagarosa e imita

A de uma elefanta.

 

E teu corpo pende e se aguça

Como escuna esguia,

Que às praias toca e se debruça

Sobre a espuma fria.

 

Qual uma inflada vaga oriunda

Dos gelos frementes,

Quando a água em tua boca inunda

A arcada dos dentes

 

Bebo de um vinho que me infunde

Amargura e calma,

Um líquido céu que se difunde

Astros em minha alma!

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Há Caldo Verde e Bifanas

Outubro 02, 2007

Não há nada Caldo Verde nem Bifanas! Apeteceu-me colocar “Há Caldo Verde e Bifanas” no título mas o post não tem nada a ver com isso. Já sei que é defraudar as expectativas mas… pensando bem: alguém, ao entrar neste blog, tinha expectativas?..

 

Geralmente só consigo escrever quando estão reunidas três condições essenciais: tenho de estar deprimido, não posso estar demasiado cansado e a televisão não pode estar a passar os comentários do Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Houve aí uns dias em que, de facto, eu não andei deprimido. Até queria escrever e fazia de tudo para me deprimir mas, confesso, os meus esforços goraram-se num rotundo falhanço. Alturas houve em que estive quase a atingir um estado Zen de depressão mas, simplesmente, não me conseguia concentrar o suficiente e perdia a pujança antes de consumar o acto. Lamentável e vergonhoso! Até nisso me sinto inútil... Mas palpita-me que, finalmente, terei conseguido.

 

Sinto-me abatido e hoje, particularmente, triste. Sinto uma enorme vontade de metralhar o vazio da folha com o negro das letras e, ao mesmo tempo, deparo-me com um grande cansaço, em forma de bloqueio, que me causa impotência intelectual (talvez não apenas intelectual, mas isso não é tema para aqui e sim assunto para discutir em local próprio). Não sei como traduzir o que me vai na alma. Não sei como explicar, não é fácil. Sinto-me quase como um espirro aprisionado, como um soluço engasgado. É algo, talvez, como aquelas diarreias intestinais que precisam de explodir mas que se deparam com uma irritante e inesperada prisão de ventre. É essa, sem dúvida, a imagem mais apropriada para definir o meu caótico estado de espírito.

 

Mas a verdade é que me sinto deprimido. A verdade é que me sinto cansado. A verdade é que hoje me sinto tão ausente que, se calhar, até podia ouvir o Marcelo Rebelo de Sousa, discursar durante nove horas, com total apatia e indiferença (ou, vendo bem as coisas e pensando melhor, talvez não!). Há certas coisas que não nos matam mas deitam-nos ao chão. Há certas coisas que magoam. Mas eu não me deixo ir abaixo e há, de facto, certas coisas que magoam só que, da mesma forma que magoam, também saram. Da mesma forma que nós caímos também nos levantamos. É só uma questão de tempo. O tempo é, em última análise, como um xamã: um bom conselheiro e um melhor curandeiro. É bem verdade que hoje me sinto muito abatido mas, amanhã, não sei como me vou sentir (apesar de ter fortes suspeitas). Tenho objectivos a atingir, sonhos a realizar e ambições a materializar. Finalmente sei para onde quero ir. Finalmente sinto que, apesar das dificuldades e dos espinhos, trilho o caminho certo. Há que ser (moderadamente) optimista!

 

Peço desculpa a todos os meus (poucos mas bons) leitores pela minha ausência prolongada. Quero que saibam que, neste intervalo de tempo, não deixei de espreitar os vossos excelentes blogs. Por fim, agradeço todos os simpáticos comentários que me deixaram. Não vos mereço e vocês não merecem o fardo de me aturarem.

 

Atentamente,

ejail.

BLOG EM POSTas

Julho 04, 2007

A forma como aqui coloco as letras, faz-me lembrar aqueles escaravelhos do canal Odisseia, a arrastarem berlindes de merda de búfalo (ou de outro animal de porte igualmente abastado). As letras chegam aqui já sem vontade própria. Chegam cansadas, desacreditadas e desoladas. Eu desapontei-as.
(imagem retirada da internet)
Ultimamente não consigo escrever nada. Nada de jeito, pelo menos. Não tenho talento, não tenho ideias e não tenho vivências. Interiormente sinto-me vazio e – parecendo, mas não sendo redundante - sinto-me oco. Mas, talvez, “vazio” e “oco” não sejam os termos mais felizes para retratar o que se passa cá por dentro. Se fosse só isso... Esse “vazio” e esse “oco” estão preenchidos por uma angústia e uma confusão que me tornam, de todo, improfícuo. Retiram-me toda e qualquer utilidade. Sinto os neurónios dormentes e os neurotransmissores enleados em teias de aranha elanguescentes. Transformei-me, unicamente, numa espécie de prostituto de sentimentos e pensamentos. O blog, por sua vez, tornou-se num simples muro de lamentações e é, cada vez mais, um espaço autista: tenho escrito muito mas, maioritariamente, numa perspectiva de dentro para dentro. É uma escrita fechada com posts demasiado sérios, sisudos, cinzentos e graves.
 
Estou, claramente, abaixo de forma. Nunca mais vou dar nada… se é que alguma vez dei. Estou queimado. Estou, psicossomaticamente falando, fodido. Sinto-me um morto-vivo morto. Acho que já atingi aquele ponto de onde não há como retornar. Acho que, para o meu caso perdido, só há uma última solução de recurso: acho que estou, desesperadamente, a precisar de um relacionamento tórrido.
 
Estou a precisar, talvez, de uma mulher que me levante… a moral.
 
Atentamente,
ejail.

Curtas-metragens da Quinta Dimensão - Recluso

Junho 12, 2007

Há uma eternidade que os dias aqui na prisão me parecem todos iguais. Os guardas continuam os mesmos, com cara de poucos amigos. Parecem seres de outro mundo, desprovidos de sentimentos, desprovidos seja do que for. Dizem que ao sexto dia Deus criou o homem e do homem criou a mulher, mas algures entre o 665º e 667º dias o diabo criou os guardas. Não consigo imaginar os guardas como membros da sociedade, como pessoas com família. Parecem-me, simplesmente, personagens sem alma. Ontem só nos deram trinta minutos de pátio!
(imagem retirada da internet)
Os colegas são de confiança… Confiava tanto neles, como confiaria o meu último naco de carne a um cão faminto. Já não há responsabilidade solidária. Hoje é cada um por si e pronto.
 
Quanto à comida, se é que assim se pode chamar, é sempre a mesma. É certo que num dia é peixe, no outro é carne, é frito, ou cozido, mas na prisão parece existir uma fórmula secreta que transforma qualquer sabor num sabor característico e exclusivo: um aroma denso e pastoso a cárcere.
 
Dizem que esta prisão parece um inferno, mas aqui há esperança. Não muita, é certo, e maldita… Um dia, talvez um dia, eu consiga fugir daqui para fora e deixar todo este passado preso ao limbo do esquecimento.
 
Atentamente,
ejail.

Boa Vontade

Junho 09, 2007

Queria esclarecer um ponto: eu não sou um seguidor do diabo. Apesar da fotografia horripilante do perfil, não faço bruxarias, não espeto agulhas, nem sacrifico galinhas virgens pretas. Aliás, eu gostava que, neste momento, todos os leitores do meu blog dessem as mãos e fechassem os olhos, e me sentissem… me sentissem como um não seguidor do diabo. Não gosto desse palhaço e, acreditem ou não, eu sou Cristão. Pronto! Já podem abrir os olhos, desentrelaçar as mãos e podem, todos, repetir comigo: “Aleluia”! Aleluia irmãos…
 
Esclarecida que está a questão sobre a minha filiação político-partidária e, como prova da minha boa vontade, hoje apetece-me honrar o amor. Claro que isto é sol de pouca dura. Amanhã, se cá vier escrever, vou voltar a dizer mal de tudo. Esta homenagem ao amor é apenas um breve momento de fraqueza na minha inabalável e inexpugnável personalidade. Fica, antes que me arrependa, a tradução (não oficial) de um dos mais belos poemas alguma vez escritos. É uma homenagem a Helena de Tróia por um dos meus poetas favoritos, e o meu blog não seria nada se não fizesse esta singela homenagem a Edgar Allan Poe:
(imagem retirada da internet)
To Helen - Edgar Allan Poe
Helen, a tua beleza é para mim
Como aquelas barcas de Nicéia de outrora,
Que, suavemente, sobre um perfumado mar,
O exausto, extenuado viandante trazia
Até à sua terra natal.
 
Sobre mares encapelados vogava sem descanso,
O teu cabelo de jacinto, o teu rosto clássico,
O teu porte de Náiade trouxe-me de volta a casa
Para a gloria que foi a Grécia
E a grandeza que foi Roma.
 
Olha! No brilhante nicho da janela
Semelhante a uma estátua, eu te vejo ali!
O candelabro de ágata em tua mão,
Ah! Psiquê das regiões que
São Terra Sagrada!

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor

Junho 07, 2007

Se o nojento do Cupido me volta a acertar com uma flecha, parto-lhe os cornos! Eu só quero estar sossegado no meu canto. Estou cheio destas guerras de corações. Estou cheio de alternar (semi-nu, num barão) entre a euforia e a depressão. Nunca mais me vão fazer ciúmes. O amor não dá a outra face, o amor é egoísta. Talvez, por eu não ser uma pessoa egoísta, o amor não queira nada comigo. Mas, agora, sou eu que não quero nada com ele. É um sentimento sobrevalorizado.
(imagem retirada da internet)
Também não quero ter esperança. A esperança é um sentimento que associo facilmente com uma força da física: o atrito. Só serve para empatar, para emperrar e atrasar. Quem tem esperança fica á espera, não segue em frente. Depois, é um sentimento manhoso: fica semi-escondido, à espreita de uma fraqueza do hospedeiro. A pessoa pensa que está desesperada mas, intimamente, ainda acredita de alguma forma que, à última da hora, pode surgir um milagre. Matar a esperança é mais difícil que deixar a heroína. É algo que nos atravessa os genes. Até os suicidas, em última análise, têm esperança: esperam que o seu gesto chame a atenção de quem nãos lhes deu bola; esperam que alguém repare neles; esperam acabar com o sofrimento; esperam sempre qualquer coisa, seja ela qual for… Devia haver um antibiótico que combatesse esta pandemia geral de esperança, ou uma vacina para inocular as criancinhas inocentes que não sabem o que as espera.
 
Este blog está a tornar-se aborrecido. Por que é que alguém o há-de visitar? Vou tentar, num futuro próximo, incluir alguns temas sobre sexo e erotismo. Hoje em dia, um produto, seja ele qual for, se não estiver associado a estas questões, está condenado ao fracasso. Até a religião precisa dos seus escândalos sexuais para subsistir. Os líderes religiosos são “pessoas” inteligentes e já se tinham apercebido disso. Vou ver se começo a colocar aqui algumas fotografias de mulheres semi-nuas em posições provocadoras. Se eu próprio estou a perder a vontade de vir ao blog, por que é que outras pessoas quererão cá vir? Por que é que há pessoas que se dão ao trabalho de ler estas porcarias que escrevo, quando me sinto – e isto é com toda a honestidade – o maior fracassado do Multiverso?
 
Atentamente,
ejail.

Assistência Técnica para a Alma

Maio 28, 2007

Por norma guardo o telemóvel no bolso esquerdo das calças. Aquela porra acaba por descair e aloja-se mesmo junto ao escroto. Com todas as radiações inerentes, se um dia tiver filhos, eles já vão, provavelmente, nascer com Bluetooth. Uma vantagem evolutiva que lhes irá conferir competitividade num mundo cada vez mais competitivo, segundo os padrões de Darwin. Mas adiante... Saco o telemóvel do bolso e procuro nos contactos a inscrição “Deus”. Faço a chamada e aguardo. Passados alguns segundos recebo a indicação de que o telemóvel se encontra desligado e ouve-se uma mensagem do Voicemail: “Olá, Eu sou Deus e, de momento, não estou. Para qualquer assunto deixe mensagem ou desligue e faça uma oração. A segunda alternativa fica mais barata e o efeito é o mesmo. Hello, I’m God and I’m away at the moment. For any Issue, leave a message or you can turn off the phone and start praying. The second alternative is cheaper and the effect should be the same. Bonjour, Je suis Dieu (…)”. Desligo. Para o que precisava, Deus era a entidade mais indicada.
(imagem retirada da internet)
Eu costumava caçar os meus próprios alimentos mas cansei-me de andar atrás de caracóis e agora, como toda a gente, quando preciso de alimentos vou às compras. Porém, quando uma loja está fechada ou somos mal recebidos, aproveitamos a poderosa lei do capitalismo, da oferta e da procura, para fazermos compras num outro local. Dessa forma “matamos” dois coelhos com uma cajadada: potencialmente seremos melhor atendidos e contribuímos para uma melhoria global do serviço, enquanto chateamos o comerciante que nos recebeu mal ou não nos recebeu. Ainda com o telefone na mão e dentro da letra “D”, desço um nome abaixo: “diabo” – Neste caso, até sabia o número de cor, porque “666” é de fácil memorização. Deus e o diabo são como multinacionais – mais até multiuniversais - que actuam no mesmo ramo, embora com especializações diferentes. São, em todo o caso, concorrentes e, para melhorar o serviço, decidi aplicar a lei da oferta e da procura. Marco o número e, passados alguns segundos, ouço no meu telemóvel uma voz sensual: “Bem-vindo ao Inferno. Para assuntos espirituais, prima 1. Para assuntos carnais, prima 2. Para ajuda de um operador especializado chamado Maya ou Bambo, prima 3”. Bem… parece que o chifrudo está a fazer um bom trabalho no campo do Customer Relationship Management (CRM) e, aqui para nós, o diabo nunca teve problemas em seduzir. Porque preciso desesperadamente de alimento espiritual, primo a tecla “1” e aguardo. A mesma voz debita mais um menu de múltipla escolha: “Você escolheu assuntos espirituais. Para comércio de almas, prima 1. Para bruxedos e feitiços corriqueiros, prima 2. Para bruxedos e feitiços especiais com sacrifícios humanos, de cabras ou de galinhas pretas, prima 3. Para possessões, prima 4. Para a Assembleia da República, prima 5. Para outros assuntos, ou para ser atendido por um advogado, prima 6”. Nesta altura primo 6 e aguardo: “(…)o tempo médio de espera para atendermos a sua chamada é de 6 minutos. Relembramos que 6 minutos é pouco tempo face à eternidade(…)”. Uma fracção da eternidade depois, uma outra voz faz-se ouvir:
 
-   Inferno, boa tarde! Em que posso ser-lhe útil?
-   Boa tarde. Eu estou a ligar porque tenho um problema que penso poder catalogar de “espiritual”.
-   Muito bem… estou a ver. Tenho o prazer de estar a falar com… Já tem cartão de cliente?
-   Não, não! Não tenho cartão de cliente. É a primeira vez que estou a ligar para aí e o meu nome é ejail. Para já não pretendia aderir. Gostava, primeiramente, de aferir da qualidade do serviço.
-   Sr. Ejail, nós aqui no inferno, somos uma empresa certificada. Estamos certos de que, após experimentar os nossos serviços, se converterá num cliente habitual e ficará eternamente connosco. Mas qual é então o problema que o traz por cá?
-   Bem… é que eu sinto-me triste, só e vazio. Não sei como, mas estas três coisas cabem todas dentro de mim…
-   Hum… um pouco como a Santíssima Trindade…
-   Não diria tanto... Trindade sim, mas não santíssima… um bocado por aí…
-   É muito fácil para nós, empresa especializada e certificada, resolvermos o seu problema. Arranjamos-lhe já uma festa, uma Playmate e, quanto ao seu vazio, digamos que lhe podemos encher os bolsos com um jackpot do Euromilhões.
-   Uau! Hum… mas espere… e acha que, com isso, eu fico bem?
-   É garantido! Só tem de fazer uma coisa primeiro.
-   Sim, sim! O que é que tenho de fazer?
-   Tem que nos vender a sua alma. Hoje em dia é um processo de muito fácil concretização. Só tem que ir ao eBay e colocar um anúncio. “Alguém” a vai comprar. Mas pode também, se preferir, enviar a sua alma por transferência bancária no multibanco.
-   De facto, vocês ai no inferno, estão a trabalhar bem. Parece tudo tão fácil e a alma é algo que não parece fazer falta nenhuma no dia-a-dia. Se ninguém me dissesse que tenho alma, provavelmente nem sabia que a tinha. Mas não sei… vamos fazer assim: Vou tirar um tempo para reflectir e depois digo qualquer coisa…
(imagem retirada da internet)
E desligo.
 
Aquela coisa da alma… Aqui a atrasado estive a comparar-me a uma caneta e não via grandes diferenças. Era uma Bic… Não sei quase nada sobre a alma e pergunto-me se não será ela, a alma, a responsável por eu não ser “inanimado” como a caneta? Mas não sei… se estivesse a reparar um Boeing e visse um parafuso, e não soubesse para o que servia, acho que não o ia tirar…
 
Talvez, aproveitando um buraco na lei, eu consiga obter aquilo que pretendo e ficar com a alma. A lei diz que posso assinar um contrato e é-me concedido um período de carência em que posso voltar atrás. Portanto, a ideia seria vender a alma ao diabo, fazer a festa, fornicar a Playmate e ganhar o Euromilhões. Consumados os benefícios vou, num ápice, arrepender-me junto de Deus. Claro que há sempre coisas que podem correr mal, como por exemplo: Deus estar sem rede no telemóvel... Mas já pensei em tudo. Vou ligar a Deus de uma igreja, porque lá têm mais rede. Se, ainda assim, Deus não me atender, posso sempre tentar comprar uma outra alma que esteja para venda no eBay…
 
Não é fácil aplicar o sistema chinês ao capítulo espiritual. Um país e dois sistemas, versus, uma alma e dois deuses. Não é fácil e não sei se é viável. Ninguém pode andar muito tempo em cima do muro, algum dia há-de cair para um dos lados. Portanto, para evitar todas estas complicações, o melhor é manter o telemóvel junto ao escroto, não acreditar em Deus, não acreditar no diabo e não acreditar na alma. Talvez o melhor seja mesmo continuar a sentir-me triste, só e vazio.
 
“A grandeza da oração reside principalmente no facto de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio” - Antoine Saint-Exupéry.
 
Atentamente,
ejail.

3 Perguntas Sem Resposta - Parte 3

Maio 12, 2007

Existem inúmeras razões que levam uma galinha a atravessar a estrada. Esta é apenas uma delas:
 
Ingredientes ( para 4 pessoas ):
 
- 1 frango médio
- 2 colheres de sopa de óleo
- 1 colher de sopa de manteiga
- 120g de bacon cortado em pedacinhos
- 1 folha de louro
- sal e pimenta q.b.
- 1 cerveja preta ( 33cl )
- 8 cebolinhas
 
Modo de preparação:
 
Corte o frango em pedaços.
Leve ao lume um tacho com o óleo e a manteiga; quando aquecerem, junte os pedaços de frango e deixe-os dourar por igual.
De seguida, misture os pedacinhos de bacon e a folha de louro e tempere com sal e pimenta. Adicione então a cerveja, tape o tacho e deixe cozinhar durante 40 minutos, em lume brando.
Passados 25 minutos, junte as cebolinhas descascadas e deixe acabar de cozinhar.
Sirva o frango com massa cozida ou arroz e legumes salteados.
 
Dica do chefe:
Pode utilizar cerveja normal. As cebolinhas podem ser substituídas por cogumelos. Também pode preparar esta receita com oito perninhas de frango”.
(imagem retirada de livro)
Esta receita dá pelo nome de "Frango com cerveja preta" e é uma cortesia involuntária do chefe Hernâni Ermida. É de fácil preparação, económica e leva cerca de 50 minutos a confeccionar.
 
Este blog cumpre assim o seu derradeiro destino, que é contribuir para uma considerável ( alegada ) melhoria do nosso mundo gastronómico, enquanto desperta consciências para os problemas que afectam a sociedade galinácea.
 
(Continua… se não se registarem casos de intoxicação alimentar entre os leitores…)
 
Até lá... Bom apetite!

3 Perguntas Sem Resposta - Parte 1

Maio 10, 2007

Desde tempos imemoriais que a filosofia encerra três questões que têm assolado a humanidade. Muitos teólogos, pensadores e experimentalistas se têm debruçado sobre elas mas até hoje continuam sem uma resposta inequívoca. São elas, por ordem meramente aleatória:
 
- Quem sou eu?
- O que há para além da morte?
e
- Porque é que a galinha atravessou a estrada?
 
Não sou pretensioso ao ponto de tentar responder a qualquer destas questões. Quando penso naqueles pensadores que ensaiaram pensamentos em volta destas perguntas, torno-me subitamente mais humilde. Mas nada impede que procure, para mim mesmo, algumas tentativas de resposta para tentar saciar o meu espírito inquieto.
 
Quem sou eu?
 
Que pergunta! Estou na minha secretária a escrever e penso: será que a caneta, que tenho à minha frente, tem consciência de si mesma? Alguém poderá dizer que é um objecto inanimado e, dessa forma, responder rapidamente à pergunta. Mas, por outro lado, se pudéssemos pegar num microscópio superpotente e fossemos analisando a caneta, cada vez mais ao pormenor, até chegarmos ao nível do átomo, do electrão, ou do quark, veríamos que, tal como num ser vivo, há actividade na matéria que compõe a caneta. Portanto, custa-me dizer que a caneta é um objecto inanimado… Mas, apesar disso, não me custa admitir que a caneta não tem consciência de si mesma.
(imagem retirada da internet)
A caneta é um objecto constituído por uma infinidade de partículas de matéria. Eu sou um objecto constituído por uma infinidade de partículas de matéria. O que me distingue da caneta? Há algo que tenho que, aparentemente, a caneta não terá: uma consciência. A caneta escreve porque alguém pega nela e faz a sua ponta deslizar por uma folha de papel. Não me parece que tenha vontade própria. Mas, por outro lado, será que a minha vida vai sendo escrita de acordo com a minha vontade própria? Nesse aspecto poderei sentir-me, uma vez mais, igual à caneta. Mas há mais semelhanças entre mim e a caneta. A caneta escreve até se lhe acabar a tinta. Depois, ou é deitada fora, ou recarregada para continuar a escrever. Em certa medida, a nossa vida também vai sendo escrita e, como a tinta, vai-se acabando. Depois, quando a vida acabar, podem acontecer duas coisas: não há mais nada para além da morte e isso significa que vou para o lixo – se tiver sorte, servir de húmus para adubar os campos agrícolas - ou, pelo contrário, há algo mais para além da morte e é-me dada uma recarga de vida, para além de servir de húmus para adubar os campos agrícolas. Este paradigma, no entanto, já se enquadra na segunda questão e não a quero, para já, desenvolver.
 
O importante, neste momento, é saber se tenho consciência de mim mesmo. É saber se sou potencialmente diferente da caneta que, aqui, representa um ser “inanimado”. Talvez, como a caneta, eu não consiga impor a minha vontade mas, pelo menos, consigo impor a minha dúvida. E, será a dúvida, composta por matéria? Será que devo procurar na matéria a diferença entre mim e a caneta? Será que é no capítulo material que devemos procurar as diferenças entre um ser animado e um objecto inanimado?
 
O facto de poder questionar, quem sou e o que é a questão, deve ser facto suficiente para me dar ânimo. Portanto, à pergunta “quem sou eu?”, respondo: Não sei, só sei que estou animado…
 
(Continua... quando a caneta tiver vontade...)

Bruxedos e Bruxarias

Maio 05, 2007

www.google.pt
encosto
Pesquisar
0,13 segundos depois:
 
“Encosto – Wikipédia
Encosto, ou Possessão, segundo a interpretação religiosa, é um fenómeno maligno provocado a alguém por uma entidade exterior, nomeadamente um espírito ...”
 
Não é fantástica, a Wikipédia? No meio de 515.000 registos foi a primeira. É como o espermatozóide mais forte!
 
De uma forma muito simplista, um encosto é um espírito que se encosta a alguém deste mundo. Difere da possessão na medida em que não entra na pessoa, apenas a acompanha. Como exemplo não me ocorre nada melhor que usar o caso do Emplastro. Reparem que ele não entra porque não pode…
(imagem retirada da internet)
Enquanto que uma pessoa que sofre do mal do encosto manifesta essencialmente problemas neurofisiológicos que se enquadram na categoria da depressão, tipicamente uma pessoa possuída exibe traços que a levam muitas vezes a cair em situações que os médicos descrevem como ataques de epilepsia. Existem, no entanto, outras possíveis manifestações para um episódio agudo de possessão. Tais episódios não podem ser descritos recorrendo à palavra e só podem mesmo ser documentados com a ajuda da imagem. Estão a ser desenvolvidos esforços para se transportar tais descrições para Braille mas, até ao momento, não se conhece particular sucesso. Abaixo, alguns exemplos de episódios gerais de possessão:
(imagem retirada da internet)
Possuído mas inócuo. Para estes casos não vale a pena iniciar tratamento específico. O individuo não constitui particular perigo para a sociedade nem para ele próprio.
(imagem retirada da internet)
O tradicional exemplo de uma pessoa de portas abertas. Os espíritos entram e saem com grande facilidade e frequência. Manifesta estados agudos de inadequação e obscenidades, e o seu centro de gravidade descai muito frequentemente para a direita. Em casos extremos, é necessário muito trabalho para o libertar.
(imagem retirada da internet)
Aqui já um caso de Antes e Depois. Antes do exorcismo e depois do exorcismo. Efectivamente há marcas que não desaparecem e, mesmo depois de deixar de jogar headbol, a marca Zidane vai continuar a vender.
(imagem retirada da internet)
Um caso perdido.
 
Poderíamos facilmente encontrar mais exemplos para ilustrar estes dois "estados de espírito", mas este compendio não pretende, de todo, ser um manual de referência. Este artigo pretende apenas chamar a atenção para assuntos que, muitas das vezes, estão ocultos à sociedade em geral.
 
Quando era pequeno levaram-me à bruxa. Era algo normal antigamente e... eu era difícil de aturar… A bruxa disse que eu tinha um encosto de um enforcado e, segundo parece, é daqueles que não se querem ir embora. Não é propriamente agradável, andar por aí com um enforcado sempre atrás de mim, mas acho que sempre é melhor que ser possuído…
(imagem retirada da internet)
Exemplo exagerado de uma possessão violenta
 
À espera de ser fortemente processado e de alegar demência temporária,
 
Atentamente,
ejail
… e enforcado.

Cadeia Alimentar

Maio 03, 2007

Dizem que o homem está no topo da cadeia alimentar.
Dizem que nem só de pão vive o homem.
Dizem muita coisa…
 
A cadeia alimentar é um objecto difícil de sistematizar porque é, em tudo, demasiado complexo. É um organismo vivo em constante mutação. Darwin defendia que a evolução é o resultado da sobrevivência dos mais fortes. Mas será que isso pode ser aplicado ao homem? Será que o ser humano está a evoluir ou, pelo contrário, se encontra em franca regressão? É uma questão que tem tanto de interessante como de desinteressante. Mas avancemos… Comecemos por definir “mais forte”. É cientificamente aceite que, mais forte é “capaz de melhor adaptação”. Assim sempre que, em determinado habitat, são trocadas as perguntas o ser mais forte é aquele que mais rapidamente encontra as respostas certas. Estamos a começar a chegar lá…
 
A cadeia alimentar, que quero efectivamente abordar, não está, de todo, relacionada com o alimento em si. Parece um contra-senso mas será que é?... Não é do pão que pretendo falar. É interessante trazer Darwin para a sociologia e analisar as relações entre hierarquias e entre iguais numa sociedade, num determinado período de tempo. Porém, se atendermos a Darwin, teremos que considerar que a linha do gráfico da evolução do homem anda sempre no mesmo sentido da evolução da linha temporal. Mas… e as calças de boca-de-sino?
 
Como é que, algures cerca de 1960 anos depois de Cristo, apareceram estes estranhos artefactos da evolução? É aqui, na minha opinião, que Darwin perde a batalha. É aqui que a teoria da evolução cai por terra! Apesar de hoje ser anedótico, na época esse modelo de calças era inovador e fazia, do pobre ser humano que as usava, uma pessoa avançada e moderna. Hoje existem outros adereços mas, alguns deles vão ser, daqui a uns anos, equiparados às famigeradas calças. É inevitável! Claro que, hoje, quem usa os adereços inovadores já não é tida como uma pessoa moderna. A palavra moderna já está antiquada. Nos dias de hoje quem usa esses adereços de proa são os chamados Cool.
(imagem retirada da internet)
Usar calças de boca-de-sino ou os adereços actuais equivalentes ( como piercings, tatuagens new age e óculos escuros do tamanho de capacetes ) não é só uma questão de moda. É também um estado de espírito, uma atitude perante a vida e a sociedade de Darwin. Quem os usa são indivíduos "diferentes" e não são necessariamente os mais fortes… mas são, sem sombra de dúvida, os mais cómicos. Porque é importante não nos esquecermos do velho pensamento intemporal que atravessa gerações: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Portanto, se algum dia foste Cool e te deixaste fotografar, aconselho-te a teres as fotografias debaixo de olho...
(imagem retirada da internet)
As pessoas precisam de se sentir integradas num grupo com as mesmas crenças e afinidades e, ao mesmo tempo, precisam de se sentir únicas nesse grupo. Procuram ídolos e combinam-nos, como se fossem peças de legos para construírem a sua personalidade original - não me estou a excluir, mas eu sou mais uma construção monolítica de tijolo burro. Haverá alguém que, em consciência, pode dizer: eu sou original. Talvez sejamos todos ( ou maioritáriamente ) cópias originais. No entanto, ser Cool tem uma enorme vantagem para o indivíduo. Ser Cool é um factor preponderante para aumentar as probabilidades de o indivíduo acasalar. Quem é Cool pode, perfeitamente, dizer com convicção que nem só de pão vive o homem. Quem é Cool tem direito a umas boas postas de carninha e, no fundo, no fundo, o que se passa é que eu estou esfomeado e tenho uma certa inveja de não ser Cool… É verdade! Não arranquem os cabelos por mim... Bem sei, minhas fãs, que estão desoladas mas… o ejail não é lá um tipo muito Cool. O ejail é apenas um lobo solitário com o pêlo desgrenhado e sem adereços... tirando o telemóvel, claro.
(imagem retirada da internet)
Atentamente,
( me liga, vai... )
ejail.

Quinta Dimensão

Maio 02, 2007

Terrorismo
Terrorism
 
Pronto! Já arranjei mais fãs para o meu blog do que qualquer outro que aqui esteja alojado. O Echelon já filtrou a palavra acima e enviou-a para o departamento de defesa norte-americano. Se eles não perceberem português de Portugal, têm a tradução mais abaixo para inglês dos Estados Unidos. Para ajudar à festa: weapon, Bush, shot, president, bomb, Ahmadinejad, Nuclear, Noddy. Acho que já está...
 
Sexo grátis
Sex for free
 
Sexo e grátis são palavras muito procuradas nos motores de busca. Não é que me interesse muito por estes temas… – vou reformular – ...é que me interesse muito por estes temas mas o que pretendo é, tão-somente, fazer com que o blog apareça no resultado das pesquisas. Para além do pessoal governamental, também quero ter alguns visitantes do sector privado. É Marketing. Será que ainda ninguém nota uma súbita sobrecarga dos servidores do Sapo?... E, agora que tenho público, já posso começar a escrever.
(imagem retirada da internet)
Muito bem… Para um produto que ainda não existe já tenho uma boa divulgação. Porque o importante, hoje em dia, não é o conteúdo mas sim a embalagem… e que embalagem isto já leva! Mas do que irá falar este blog? Deve ter algum objectivo? Claro que não. Não vai falar de nada, nem vai ter nenhum objectivo. Isso seria presunção. Não é preciso nenhum estudo de mercado para constatar que, baixando o nível, aumentam as audiências. É a lei de Tuga! - Leituga, para o comum dos portugueses. Se houvesse, portanto, um objectivo, esse seria o único.
 
Autor
 
O autor deste blog tem o 12º ano e uma licenciatura em Vácuo Aplicado – Vazio Esvaziado, em português. Vai, lamentavelmente, mas ao que tudo indica, fazer 30 anos este mês - se esquecermos a história do Echelon, claro. É uma pessoa deprimida e com alta propensão para a autocrítica. Pensa demais e age pouco, ao mesmo tempo que pensa mal e age pior. Se a Ténia fosse um signo do Zodíaco esse seria, sem dúvida, o seu. Por que é uma pessoa muito solitária e, durante muito tempo, foi um parasita. Mas a Ténia não é um signo do Zodíaco, portanto resta-lhe ser Touro – algo ou alguém lhe pôs um par de cornos… Bem, mas como não é jogador de futebol, vai passar, a partir de agora, a escrever na primeira pessoa do singular: ele sou eu. Decidi criar este blog para falar de tudo e para falar de nada, essencialmente de nada. Mas, sobretudo, este pequeno canto de escrita é uma terapia desesperada para tentar deixar o Hi5…
(imagem retirada da internet)
Atentamente,
ejail.

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