Exílio
Abril 30, 2021
Tanta vida sem digestão,
tanta morte gerada por congestão.
O cansaço de mastigar as mesmas rimas,
endurecidas por tão estranhas enzimas.
Monólogos enferrujados e pesados como grilhões,
pensamentos estéreis e questões aos milhões.
O ar pernicioso e demasiado rarefeito,
adoecido por uma angústia que aperta no peito.
Estranha forma de vulto,
que se contorce no seio do tumulto.
Um espírito demasiado elanguescente,
aos olhos das cercanias, ultra-transparente.
Mas como (ou para quê) reflectir a luz e aparecer,
se os dias deste mundo não param de anoitecer?