Silêncio por linhas tortas
Julho 17, 2023
Só, junto a esta ferrovia,
esmoreci quando não previa.
Só os comboios sabem onde vão,
o resto é fuligem e carvão.
A ferrugem dos carris nas linhas,
que entram no Douro e nas vinhas.
Socalcos, ravinas e aldeias
e fumo que tolda as ideias.
A solidão oprime cá dentro,
entre pensamentos, que esventro.
Castanheiros, Carvalhos e Pinhais,
golpes de mil infinitos punhais.
Porto a Pocinho, via Régua,
vidros refletem olhos e água.
Entre montes, fixo uma serra
e, calado, ouço “pouca terra”.