Bicho da Sede
Março 17, 2021
Agora percebo:
Ninguém me ama,
não mais do que me odeio.
Um velho mancebo,
que se apaga e jamais inflama.
Um calhau sem matéria no meio.
Agora percebo:
Ninguém me liberta,
não mais do que me prendo.
Este veneno que bebo,
que me afaga no seio da morte certa.
Um Ser que não é mas vai parecendo.
Agora percebo:
Ninguém me elucida,
não mais do que me confundo.
As orações ao Verbo,
que nunca ressuscitaram vida.
Um bicho do fim do mundo.