Astrologia para Totós
Junho 07, 2023
Não acredito em astrologia, mas.
Domingo, fim de tarde, voltávamos de uma romaria local. A Leonor, minha sobrinha de 12 anos, lançou o desafio para fazermos uma corrida, ao qual a minha filha prontamente aderiu. Na sequência, ambas formaram uma multidão eufórica que, em apoteose, clamava pela minha participação. E o que uma pessoa não faz pelas crianças? Só que, desta vez, iria ser competitivo e não faria reféns.
- Matilde, o pai vai ganhar. Como és a mais pequenina, só tens 8 anos, é possível que sejas a última. É só uma brincadeira, não fiques triste.
Ouve-se: 3, 2, 1, partida! Sabia que, para vencer, tinha de colocar todas as fichas na aceleração. Disparo como uma bala e, com os olhos postos na meta, dou tudo o que tenho. Nesse instante, nada nem ninguém me pode parar, até que, abruptamente, sinto a glória esfumar-se numa pequena nota mental: “já devia ter ido à médica pedir um Raio-X ao joelho direito”.
- Pai, Ganhei! Vi que caíste, mas primeiro quis cortar a meta e depois ver se estavas bem. Tantas feridas, coitadinho de ti, pai.
- Não te preocupes, é só pintura. O pai está bem. Apesar de ter ficado em último, fiquei contente por teres ganho.
Agora, a astrologia:
Duvido que a órbita de Saturno se tenha cruzado com a de Kepler-186f, mas notei que a Matilde hesitou entre parar ou continuar a correr. Como se os seus Gémeos astrológicos estivessem em negociação. Por fim, o seu Gémeo competitivo venceu. Por outro lado, depois de ter ido com os cornos ao chão, lembrei-me que sou Touro.