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Quinta Dimensão

Nevoeiro

Agosto 06, 2019

Chegamos à praia, eu e a bicicleta.

Já não somos novos mas fugitivos de Cronos.

É cedo e uma cortina de nevoeiro cerrado faz-me questionar se estou acordado.

Contemplo o mar: cinzento e sereno.

Um vem e vai de pequenas ondas que cantam como sereias.

Deixo-me seduzir.

A espuma acaricia a areia enquanto me tenta alcançar.

Tudo é simples e, no entanto, tão belo.

Deixo-me estar.

As pegadas unem-se aos passos que não dei.

Deixo-me ir.

A maresia e o orvalho trespassam a máscara e acariciam-me o rosto.

Sinto a alma e, nesse momento, dou por mim menos desacompanhado.

Deixo o ser e deixo-me ser.

Encontro-me.

Mas, com tanto nevoeiro, o mais certo é perder-me.

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Há Caldo Verde e Bifanas

Outubro 02, 2007

Não há nada Caldo Verde nem Bifanas! Apeteceu-me colocar “Há Caldo Verde e Bifanas” no título mas o post não tem nada a ver com isso. Já sei que é defraudar as expectativas mas… pensando bem: alguém, ao entrar neste blog, tinha expectativas?..

 

Geralmente só consigo escrever quando estão reunidas três condições essenciais: tenho de estar deprimido, não posso estar demasiado cansado e a televisão não pode estar a passar os comentários do Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Houve aí uns dias em que, de facto, eu não andei deprimido. Até queria escrever e fazia de tudo para me deprimir mas, confesso, os meus esforços goraram-se num rotundo falhanço. Alturas houve em que estive quase a atingir um estado Zen de depressão mas, simplesmente, não me conseguia concentrar o suficiente e perdia a pujança antes de consumar o acto. Lamentável e vergonhoso! Até nisso me sinto inútil... Mas palpita-me que, finalmente, terei conseguido.

 

Sinto-me abatido e hoje, particularmente, triste. Sinto uma enorme vontade de metralhar o vazio da folha com o negro das letras e, ao mesmo tempo, deparo-me com um grande cansaço, em forma de bloqueio, que me causa impotência intelectual (talvez não apenas intelectual, mas isso não é tema para aqui e sim assunto para discutir em local próprio). Não sei como traduzir o que me vai na alma. Não sei como explicar, não é fácil. Sinto-me quase como um espirro aprisionado, como um soluço engasgado. É algo, talvez, como aquelas diarreias intestinais que precisam de explodir mas que se deparam com uma irritante e inesperada prisão de ventre. É essa, sem dúvida, a imagem mais apropriada para definir o meu caótico estado de espírito.

 

Mas a verdade é que me sinto deprimido. A verdade é que me sinto cansado. A verdade é que hoje me sinto tão ausente que, se calhar, até podia ouvir o Marcelo Rebelo de Sousa, discursar durante nove horas, com total apatia e indiferença (ou, vendo bem as coisas e pensando melhor, talvez não!). Há certas coisas que não nos matam mas deitam-nos ao chão. Há certas coisas que magoam. Mas eu não me deixo ir abaixo e há, de facto, certas coisas que magoam só que, da mesma forma que magoam, também saram. Da mesma forma que nós caímos também nos levantamos. É só uma questão de tempo. O tempo é, em última análise, como um xamã: um bom conselheiro e um melhor curandeiro. É bem verdade que hoje me sinto muito abatido mas, amanhã, não sei como me vou sentir (apesar de ter fortes suspeitas). Tenho objectivos a atingir, sonhos a realizar e ambições a materializar. Finalmente sei para onde quero ir. Finalmente sinto que, apesar das dificuldades e dos espinhos, trilho o caminho certo. Há que ser (moderadamente) optimista!

 

Peço desculpa a todos os meus (poucos mas bons) leitores pela minha ausência prolongada. Quero que saibam que, neste intervalo de tempo, não deixei de espreitar os vossos excelentes blogs. Por fim, agradeço todos os simpáticos comentários que me deixaram. Não vos mereço e vocês não merecem o fardo de me aturarem.

 

Atentamente,

ejail.

Glorioso Combatente?

Julho 13, 2007

Mais uma batalha perdida. Esta, de forma brutal. Não sei como ainda continuo por aqui. Não sei como ainda continuo na guerra…
 
Estou bastante cambaleante mas que se foda esta merda toda que sinto cá dentro. Tenho que tapar bem, enterrar bem, estes sentimentos. Ocultar cada uma das cicatrizes em carne viva, cada uma das cicatrizes em espírito morto. Esconder cada grito lancinante por debaixo do “Eu Social”. Acho que precisava de vomitar qualquer coisa, não sei... Sinto-me enjoado, carregado, negro e com um peso terrífico sobre os ombros. Sinto-me fraco, um perdedor nato. Bem… esta merda é toda muito interessante mas… tenho mesmo que ir trabalhar…

BLOG EM POSTas

Julho 04, 2007

A forma como aqui coloco as letras, faz-me lembrar aqueles escaravelhos do canal Odisseia, a arrastarem berlindes de merda de búfalo (ou de outro animal de porte igualmente abastado). As letras chegam aqui já sem vontade própria. Chegam cansadas, desacreditadas e desoladas. Eu desapontei-as.
(imagem retirada da internet)
Ultimamente não consigo escrever nada. Nada de jeito, pelo menos. Não tenho talento, não tenho ideias e não tenho vivências. Interiormente sinto-me vazio e – parecendo, mas não sendo redundante - sinto-me oco. Mas, talvez, “vazio” e “oco” não sejam os termos mais felizes para retratar o que se passa cá por dentro. Se fosse só isso... Esse “vazio” e esse “oco” estão preenchidos por uma angústia e uma confusão que me tornam, de todo, improfícuo. Retiram-me toda e qualquer utilidade. Sinto os neurónios dormentes e os neurotransmissores enleados em teias de aranha elanguescentes. Transformei-me, unicamente, numa espécie de prostituto de sentimentos e pensamentos. O blog, por sua vez, tornou-se num simples muro de lamentações e é, cada vez mais, um espaço autista: tenho escrito muito mas, maioritariamente, numa perspectiva de dentro para dentro. É uma escrita fechada com posts demasiado sérios, sisudos, cinzentos e graves.
 
Estou, claramente, abaixo de forma. Nunca mais vou dar nada… se é que alguma vez dei. Estou queimado. Estou, psicossomaticamente falando, fodido. Sinto-me um morto-vivo morto. Acho que já atingi aquele ponto de onde não há como retornar. Acho que, para o meu caso perdido, só há uma última solução de recurso: acho que estou, desesperadamente, a precisar de um relacionamento tórrido.
 
Estou a precisar, talvez, de uma mulher que me levante… a moral.
 
Atentamente,
ejail.

Mar Morto

Julho 02, 2007

Este é apenas mais um dos pouquíssimos contos que escrevi. Já tem uns tempos mas hoje deixo-o aqui, porque me recorda que as palavras de nada valem. Um amigo não precisa de falar. Um amigo está presente ou, pelo menos, não abandona. Mas um amigo é, talvez, alguém que não existe. Analisando friamente a questão, creio que, tanto a amizade como o amor, sucumbiram ao mais puro egoísmo. Estou tão cheio de palavras e, no entanto, sinto-me tão só… sinto-me tão cansado… sinto-me a secar. Este conto é uma investigação pessoal pelo campo da pura especulação e imaginação. Nada disto está devidamente documentado. Procuro, neste exercício, descobrir o momento exacto em que morreram a amizade e o amor. Procuro o momento exacto em que o egoísmo triunfou.
(imagem retirada da internet)
 
Mar Morto
 
Mar morto… Era uma vez um enorme mar: imponente, orgulhoso e vigoroso. Morava longe de tudo e tudo o que conhecia era o interior dos seus domínios. Com excepção de uma pequena rocha, situada no seu centro, tudo era coberto pela enorme porção de água. Misteriosamente, por mais altas que fossem as ondas ou por mais cheias que fossem as marés, a rocha era sempre poupada à fúria das águas e mantida à superfície.
 
Num dia, diferente de todos os outros, choveu. A chuva escorregou e penetrou por uma estreita fissura da rocha e tocou uma pequena semente. A semente havia sido transportada acidentalmente por uma ave perdida, num tempo esquecido, durante uma viagem fatídica. Ao toque da chuva, uma pequena flor brotou de um casulo adormecido. O milagre da vida! De dia para dia foi crescendo, tornando-se cada vez mais bonita. Era especial e única naquele mundo agreste. Sozinhos, a flor e o mar, começaram a falar-se e, com o tempo, tornaram-se grandes amigos. E o tempo foi passando… Durante o tempo que passou, os elos de amizade que os uniam foram-se tornando mais fortes e os muitos sentimentos fundiram-se num só e, entre eles, nasceu o amor. Todos os dias, pela manhã, ela abria as suas pétalas e presenteava-o com a sua extraordinária beleza. Ele deixava-se seduzir pelo seu perfume. Era transportado para as mais belas fantasias, onde habitavam os sonhos coloridos pelos desejos femininos da flor.
 
Passaram-se anos e os dias perfeitos e amenos deram lugar a dias quentes e febris. O Sol, moderado, que sempre trouxera a vida, tornara-se numa ameaça para a tenra planta. Atingida pela ira incompreensível do Sol, ela dirigiu-se então ao mar e pediu-lhe uma gota de água doce para que pudesse saciar a sede. Nunca ninguém lhe pedira uma gota de água doce. Mergulhou em si mesmo e procurou no seu interior. Esquadrinhou cada gota do seu corpo à procura de uma que fosse doce. Desesperado, contorceu-se e revirou-se, mas no meio de tanto esforço, ele sabia, para seu desgosto, que a busca havia de ser vã e infrutífera. Não estava na sua génese, não era essa a sua natureza. Quando saiu de si mesmo, o mar voltou-se para a rocha, mas a flor havia morrido e estava deitada sobre a pedra dura. Era como se tivesse adormecido enquanto esperava, tranquila, pelo regresso da vida.
 
Muitos dias nasceram e outros tantos morreram, num genocídio tão rotineiro, que passa despercebido aos deuses deprimidos pela eternidade. Mas nesse intervalo de tempo esquecido, o mar foi secando e acabou por dar lugar a um enorme deserto, e muitas lendas foram criadas a seu respeito.
 
Um dia, muitos dias depois desta história, um respeitado grupo de arqueólogos resolveu investigar e, de uma vez por todas, descobrir se alguma das lendas era verdadeira. Após anos de uma longa e árdua investigação, os cientistas publicaram as suas conclusões numa pequena e desacreditada revista arqueológica. Diz, quem leu, que no texto estava escrito algo parecido com outra lenda: O mar pensou para si – Para quê tanta água, se nem uma única gota serviu para saciar a sede da minha amada? – Chorou de seguida toda a sua água, secou e morreu. No seu coração de pedra nasceu, um dia, uma bela e vaidosa flor cheia de vida. No seu coração de pedra nasceu, um dia, a amizade e o amor. Mas o Sol, ardendo em ciúme, não se compadeceu e roubou a vida à frágil flor. O Sol ficou tão zangado que, ainda hoje, continua a escaldar a rocha e as areias de um deserto vivo, o leito de um viúvo mar morto…
(imagem retirada da internet)
Atentamente,
ejail.

Sinto-me 1 Fantasma

Junho 25, 2007

Com uma crescente frequência, dou por mim prostrado numa introspecção leviana. Surge a qualquer hora do dia - e da noite -, quando menos a espero. São indagações profundas e, no entanto, quase sempre fúteis. Nada têm de profícuo. Aparecem, sob a forma de passeios, em passos demorados, pelos labirintos do limbo enevoado que separa o real e a quimera. Percorro-me até às entranhas, numa tentativa vã de responder a questões que me devoram como piranhas. Esta introspecção, que corrompe a pureza do pensamento e provoca a flacidez dos músculos, deixa o corpo e a mente num estado letárgico, quase catatónico. Liberta lágrimas mudas - saídas sabe-se lá de onde - que caem frias, pesadas e barulhentas, como correntes de um estranho cativeiro de solidão perene. É um estado de sítio: em que os pensamentos e os sentimentos se rebelam contra o seu criador. Nesse instante sinto-me, tão-só, um estrangeiro para com os átomos que me compõem: um pária.
(imagem retirada da internet)
Às vezes recebo uns emails que falam de amizade e de amor. São, por norma, escritos com muito sentimento e, nalguns casos, com elegância. No fim, porém, trazem uma espécie de feitiço: se, após o ler, eu não o reenviar a um determinado número de pessoas, vou ser infeliz durante um outro determinado número de anos. Eu já recebi muitos emails desses e, às vezes, leio-os. Mas nunca os reenvio…
 
Quando me sinto magoado, fecho-me. Fecho-me muito. Mas, hoje, apenas hoje, abro uma pequena fresta para poder passar uma só pergunta: quem me leva os meus fantasmas?
 
Atentamente,
José.

Sinto Absinto

Junho 20, 2007

Hoje apetece-me morrer. Mas, tirando isso, estou óptimo. Não é que me apeteça suicidar nem coisa do género. O suicídio, por si só, parece-me ser demasiado abstracto e elanguescente para acalmar tanta dor. Está, portanto, fora de questão e terá de ser algo bem mais contundente. É difícil, no entanto, quantificar a dor que sinto. Mas, a Matemática, é algo de extraordinário e diz que a definição de medir é, nada mais, que comparar. Portanto, para ser possível perceber o quanto é anedótico o suicídio, como analgésico para a agonia que me desmembra, basta dizer que é como tomar um ramo de salsa para aliviar a super-dor da amputação selvática do coração. Bendita Matemática, que é uma luz clarividente que contrasta com a cegueira da humanidade. Mas, apesar da ajuda da Matemática, o problema de fundo persiste: encontrar um processo mais mórbido que o suicídio.
Chego ao fim do dia cansado. Faço um grande esforço, a toda a hora, para me manter vivo. E, depois, chega a noite e as coisas não melhoram. Pouso, pesarosamente, a cabeça estéril sobre a travesseira curada pelo sal das lágrimas e cerro os olhos. Tento adormecer mas, o único estado que consigo atingir, é sentir-me definhar, a morrer. Porém, na manhã seguinte, acabo sempre magoado por mais um despertar. É um ciclo solitário, escuro e asmático. De uma humidade espiritual e fantasmagórica que deforma os ossos. Não são sentimentos de circunstância, há razões para tanta angústia! Genéticas? Também, com certeza. Mas não só:
Nunca amei tanto alguém, como aquela mulher. E nunca alguém me fez tão mal como ela. Quando menos espero, eis que a crueldade gélida do seu machado me dilacera, uma vez mais, o peito flácido. Nunca mais vou conseguir confiar e nunca mais vou conseguir amar alguém. Nunca mais! Amputaram-me o coração e o que bate no lado esquerdo da cavidade torácica é apenas medo. Medo do mais puro, do mais vergonhoso, do mais cobarde. Um medo constante de voltar a sofrer uma dor que não suporto. Não consigo compreender o porquê de tanto mal, para uma pessoa que lhe fez tão bem? Hoje precisava dos braços emprestados de alguém. Precisava de uma mulher que me sussurrasse ao ouvido que não sou lixo, pois é como me sinto. Mas isso já são devaneios e é importante manter os pés na terra, e não perder a noção da realidade. Ainda assim, nem tudo está perdido porque, pelo menos, em todo este processo, consegui descobrir algo muito pior que o suicídio: o amor.
(imagem retirada da internet)
Atentamente,
José.

Desnudado

Junho 16, 2007

O humor é uma manifestação legítima de inteligência. Porém o meu pseudo-humor não é, propriamente, engraçado. Se não faz rir não é inteligente. É um humor corrosivo e lúgubre, e não apresenta traços de originalidade relevantes. É escrito numa linguagem corrente e não revela significativa riqueza literária. É uma coisa sem vida e vazia.
 
Também os ensaios e as incursões que pratico pelos caminhos do pensamento aplicado, em que procuro desconstruir pequenos enigmas ou paradigmas do quotidiano, revelam-se, na maioria das vezes, inconclusivos. São devaneios de uma mente inquieta mas nem sempre lúcida. São desvarios de alguém que apenas procura uma explicação para as suas mágoas. E, desses exercícios, resultam composições pobres e pesadamente depressivas.
 
Eu sou, em suma, uma pessoa triste e, isolado, sinto-me um homem das cavernas. Platão não passou, em definitivo, por aqui para me libertar. Habito a escuridão e desengane-se quem pensa que este é um blog humorístico. É, antes, uma lápide em que vou carpindo hieróglifos desconexos para colocar sobre o meu túmulo. Sinto-me só. É um grito… Sinto-me terrivelmente só! Falido a todos os níveis… Talvez por tudo isto e por tudo aquilo que não disse, não me levar a sério, parece ser a expressão suprema da minha intelectualidade. A verdade é tão simples e tão óbvia que até mete dó.
 
Atentamente,
José.

“Achismos”

Junho 14, 2007

Ando a escrever demais. A ter opinião para tudo quando, na verdade, nada sei. Às vezes fico com a sensação de que tudo é vaidade. Tudo é uma questão de egos e de medos. Mas, no meu caso, é mais medo do que ego porque não há nada em mim de que me orgulhe. Se bem que, em certa medida, também o ego se esconde atrás de um medo: o medo de desaparecer, de ver a individualidade canibalizada pelo colectivo social. Há, no ser humano, uma vontade de integração e uma rebeldia que convivem lado a lado. Queremos pertencer a um grupo e, ao mesmo tempo, sermos únicos em relação aos elementos que o constituem. Já dizia José Régio: “(...)Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!”. Mas o meu medo não é o de desaparecer. É, talvez, o de ver as pessoas de quem gosto desaparecerem. De ver pessoas, de quem gosto, deixarem de gostar de mim. É o medo de ver chegar a solidão. Contudo confesso que, na equação, a incógnita que vai ganhando mais peso é a pergunta: será que ainda vale a pena sentir este medo?
 
Hoje deixei-me passear por um ou outro blog e li o que já sabia, o que todos sabem: há pessoas que alimentam o ego à custa do sofrimento que infligem a outras. Eu já senti na pele e não admito que tentem sequer fazer-me o mesmo. Esta é uma das razões que faz com que não consiga confiar em ninguém… Mórbido não é alimentar o nosso ego com pedaços de carne do coração de um outro ser humano. Mórbido é sentir prazer no acto. Mas este post é para ser ignorado, pois é como digo: ando a escrever demais e nada sei…
(imagem retirada da internet)
Atentamente,
ejail.

Palavra Amiga

Junho 11, 2007

Tardo em tingir a folha branca de nódoas negras. A raiva impele-me a recorrer à riqueza do calão para espancar a folha com as mais violentas palavras. Talvez isso me faça sentir menos mal… mas não há meio de o saber, porque não consigo. De resto, a impotência é uma palavra cada vez mais presente na minha vida. Hoje a solidão é diferente pois, até as palavras me abandonaram, e o próprio branco da folha é demasiado nítido. E é um branco tão obstinado que quase obriga os meus olhos a quererem cegar.
 
Sinto-me mal... Durante uma conversa, ao telemóvel, queria dizer tantas coisas e não consegui dizer nada. As palavras evaporavam-se como mercúrio ao sol. Apercebi-me de que estava completamente vazio e que nada mais tenho para oferecer. Dantes ainda encontrava uma palavra amiga mas, agora… nem isso consigo descobrir dentro de mim. Sinto-me completamente oco e inútil e, a cada dia que passa, o sentimento agrava-se…
 
Gostava de poder dizer “abracadabra” e, com essa palavra, enxugar as tuas lágrimas frias e desenhar-te um sorriso genuíno no rosto… mas falta-me a magia. Sou feito de apenas poeira e, em mim, não há quaisquer partículas de luz. Desculpa Gabi… tu és uma pessoa "one in a million" e mereces, claramente, um amigo muito melhor do que eu…
 
Um caloroso abraço,
do teu José.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor

Junho 07, 2007

Se o nojento do Cupido me volta a acertar com uma flecha, parto-lhe os cornos! Eu só quero estar sossegado no meu canto. Estou cheio destas guerras de corações. Estou cheio de alternar (semi-nu, num barão) entre a euforia e a depressão. Nunca mais me vão fazer ciúmes. O amor não dá a outra face, o amor é egoísta. Talvez, por eu não ser uma pessoa egoísta, o amor não queira nada comigo. Mas, agora, sou eu que não quero nada com ele. É um sentimento sobrevalorizado.
(imagem retirada da internet)
Também não quero ter esperança. A esperança é um sentimento que associo facilmente com uma força da física: o atrito. Só serve para empatar, para emperrar e atrasar. Quem tem esperança fica á espera, não segue em frente. Depois, é um sentimento manhoso: fica semi-escondido, à espreita de uma fraqueza do hospedeiro. A pessoa pensa que está desesperada mas, intimamente, ainda acredita de alguma forma que, à última da hora, pode surgir um milagre. Matar a esperança é mais difícil que deixar a heroína. É algo que nos atravessa os genes. Até os suicidas, em última análise, têm esperança: esperam que o seu gesto chame a atenção de quem nãos lhes deu bola; esperam que alguém repare neles; esperam acabar com o sofrimento; esperam sempre qualquer coisa, seja ela qual for… Devia haver um antibiótico que combatesse esta pandemia geral de esperança, ou uma vacina para inocular as criancinhas inocentes que não sabem o que as espera.
 
Este blog está a tornar-se aborrecido. Por que é que alguém o há-de visitar? Vou tentar, num futuro próximo, incluir alguns temas sobre sexo e erotismo. Hoje em dia, um produto, seja ele qual for, se não estiver associado a estas questões, está condenado ao fracasso. Até a religião precisa dos seus escândalos sexuais para subsistir. Os líderes religiosos são “pessoas” inteligentes e já se tinham apercebido disso. Vou ver se começo a colocar aqui algumas fotografias de mulheres semi-nuas em posições provocadoras. Se eu próprio estou a perder a vontade de vir ao blog, por que é que outras pessoas quererão cá vir? Por que é que há pessoas que se dão ao trabalho de ler estas porcarias que escrevo, quando me sinto – e isto é com toda a honestidade – o maior fracassado do Multiverso?
 
Atentamente,
ejail.

(in)Felicidade(out)...

Junho 05, 2007

Eis como vejo a felicidade: como o Euromilhões. Só sai aos outros. A felicidade é, para mim como para muitas outras pessoas, uma utopia, um conceito do ser humano. Só que para mim é mesmo, não é algo que digo apenas da boca para fora. Para se aspirar a candidato à felicidade são precisas, na minha opinião, 4 coisas: genética, know-how, uma equipa competente e sorte. Resumidamente:
 
Genética – Há pessoas que nascem com uma maior predisposição para resistir às adversidades e manterem o equilíbrio mental e emocional. Da mesma forma que, em termos físicos há pessoas mais atléticas e saudáveis, o mesmo se aplica à componente psicológica.
 
Know-how – A educação que se teve, as filosofias assimiladas, a inteligência social e emocional. Todos estes factores se podem conjugar para que o bem-estar do indivíduo - enquanto ser isolado ou ser social - possa ser alcançado.
 
Equipa Competente – O que quero dizer com equipa competente é: a família, os amigos e os colegas. Se as pessoas que gravitam ao nosso redor são, regra geral, positivas ou negativas. Este ponto está, de certa forma, intimamente ligado com o know-how e a sorte.
 
Sorte – Ainda que de alguma forma, contra todas as probabilidades, conseguisse ganhar o Euromilhões, isso não seria, nem de perto, sinónimo de felicidade. E, só para que conste, é muito difícil ganhar o Euromilhões. Por mais fortes que sejamos, por mais competência que tenhamos e por melhores que sejam as pessoas que nos rodeiam, se não houver uma pitada de sorte a fluir por esses 3 factores… Diz-se que a sorte dá trabalho mas, da mesma forma, a falta de sorte dá “desemprego”…
 
Há, no entanto, pessoas que conseguem ser razoavelmente felizes sem que estas quatro condições se realizem em simultâneo. Todas as regras têm excepções e, para além do mais, estas regras são mero fruto da minha humilde opinião. Isto não é, propriamente, um documento oficial.
 
Eu não tenho tido a sorte de encontrar as pessoas certas e também não me sinto um grande primor da genética. O know-how não basta e, a cada dia que passa, tenho a sensação de saber menos. Sinto-me infeliz, estou cansado e estou cansado de estar cansado. Mas hoje tomei uma decisão: vou deixar de perseguir a felicidade. Vou deixar de a procurar. Não quero saber de mais nada. Estou cheio! Podem dizer que é cobardia, letargia, estupidez, conformismo, podem dizer o que quiserem. Quero lá saber! Só eu sei porquê.
 
A felicidade é um sonho
e, se é um sonho, então estou a dormir.
A desgraça é um pesadelo
e, se é um pesadelo, então estou a dormir.
Mas a felicidade não parece real
e a desgraça é demasiado real.
 
Nesta insónia de volver e revolver,
neste abrir e fechar de olhos sem ver,
neste cansado modo de escrever,
fica o inconformismo conformado,
o aforismo bem vincado:
 
Da desgraça não consigo acordar,
da felicidade não evito o despertar.
 
Atentamente,
José.

Merda

Junho 05, 2007

Merda.
 
Merda, ponto final, parágrafo. É uma boa maneira de começar um texto. De começar e de acabar. Aliás, nos dias que correm, não parece haver maneira melhor. Mas merda para quê, ou porquê? Tem que haver uma razão para tudo? Merda porque sim e porque há coisas em mim que não consigo ultrapassar.
 
Quando leio a porra do último post que aqui coloquei, dá-me vómitos. Não sei o que me tornou tão sentimental ao ponto de escrever o que escrevi. Aquilo é muito triste porque não tem nada de macho. E as coisas de macho, acho eu, deviam ser como o sangue: fluir naturalmente pelo organismo, sem que precisasse de me preocupar com os valores diários da gravidade. Talvez a Testosterona se esteja a acabar. Depois não será só a moral que não vou conseguir levantar… mas adiante…
(imagem retirada da internet)
Sou demasiado meigo. Demasiado compreensivo, demasiado empático, demasiado… enfim… um autêntico papa-hóstias. Tenho uma preocupação muito grande em ser educado, gentil, amigo, fiel, etc. A porra do “etc.” tem muitas coisas que me dão vómitos. Acabo por ser o bonzinho da tele-realidade e, ser bonzinho, não tem nada de macho. Ninguém enriquece a ser bonzinho e as mulheres de hoje querem ser comidas pelo lobo mau. Veja-se, por exemplo, a avozinha do Capuchinho Vermelho… Estava de cama com reumatismo, pois… Portanto esta coisa de ser bonzinho acaba por ser muito mau.
 
Há uns dias, ligou-me… para tomar um café, disse ela. Depois de me ter destruído por completo… e eu, porque ser bonzinho implica não conseguir dizer não, acabei por aceitar. Queria ter dito que não, mas não consegui de todo… Como é que ainda consigo gostar dela? E até quando? Talvez ela tenha que me tentar destruir com uma bomba atómica... talvez as radiações me mutassem num lobo mau. Quem sabe? Eu tardo, talvez, em aprender e, qualquer dia, deixo tudo para trás e não quero saber de mais nada. Parto para longe de tudo e de todos... Estas coisas... estas coisas acabam por mexer comigo e fazem com que me sinta uma merda!
 
Atentamente,
“ejailzito” de merda.

Poema Invisível

Junho 03, 2007

Uma vez escrevi um poema a que dei o nome de Poema Invisível. Não tinha palavras e foi, talvez, o poema mais puro que alguma vez escrevi ou escreverei. Foi escrito apenas com sentimentos. Sentimentos tão profundos que as palavras não podem tocar…
 
Sempre que olho para aquele poema sinto vontade de chorar e as lágrimas servem como lentes para eu conseguir ler os hieróglifos dissimulados. Ninguém mais consegue saber o que lá está porque só as minhas lágrimas sabem o que escrevi. Só elas têm a graduação correcta e todas as outras pessoas vêm uma folha em branco.
(imagem retirada da internet)
Hoje estou triste como a noite e não consigo falar dos motivos. Nem tão pouco os consigo entender. Daqui para a frente, tudo o que está escrito neste post é invisível… excepto para mim… porque as lágrimas são bem reais:

Assistência Técnica para a Alma

Maio 28, 2007

Por norma guardo o telemóvel no bolso esquerdo das calças. Aquela porra acaba por descair e aloja-se mesmo junto ao escroto. Com todas as radiações inerentes, se um dia tiver filhos, eles já vão, provavelmente, nascer com Bluetooth. Uma vantagem evolutiva que lhes irá conferir competitividade num mundo cada vez mais competitivo, segundo os padrões de Darwin. Mas adiante... Saco o telemóvel do bolso e procuro nos contactos a inscrição “Deus”. Faço a chamada e aguardo. Passados alguns segundos recebo a indicação de que o telemóvel se encontra desligado e ouve-se uma mensagem do Voicemail: “Olá, Eu sou Deus e, de momento, não estou. Para qualquer assunto deixe mensagem ou desligue e faça uma oração. A segunda alternativa fica mais barata e o efeito é o mesmo. Hello, I’m God and I’m away at the moment. For any Issue, leave a message or you can turn off the phone and start praying. The second alternative is cheaper and the effect should be the same. Bonjour, Je suis Dieu (…)”. Desligo. Para o que precisava, Deus era a entidade mais indicada.
(imagem retirada da internet)
Eu costumava caçar os meus próprios alimentos mas cansei-me de andar atrás de caracóis e agora, como toda a gente, quando preciso de alimentos vou às compras. Porém, quando uma loja está fechada ou somos mal recebidos, aproveitamos a poderosa lei do capitalismo, da oferta e da procura, para fazermos compras num outro local. Dessa forma “matamos” dois coelhos com uma cajadada: potencialmente seremos melhor atendidos e contribuímos para uma melhoria global do serviço, enquanto chateamos o comerciante que nos recebeu mal ou não nos recebeu. Ainda com o telefone na mão e dentro da letra “D”, desço um nome abaixo: “diabo” – Neste caso, até sabia o número de cor, porque “666” é de fácil memorização. Deus e o diabo são como multinacionais – mais até multiuniversais - que actuam no mesmo ramo, embora com especializações diferentes. São, em todo o caso, concorrentes e, para melhorar o serviço, decidi aplicar a lei da oferta e da procura. Marco o número e, passados alguns segundos, ouço no meu telemóvel uma voz sensual: “Bem-vindo ao Inferno. Para assuntos espirituais, prima 1. Para assuntos carnais, prima 2. Para ajuda de um operador especializado chamado Maya ou Bambo, prima 3”. Bem… parece que o chifrudo está a fazer um bom trabalho no campo do Customer Relationship Management (CRM) e, aqui para nós, o diabo nunca teve problemas em seduzir. Porque preciso desesperadamente de alimento espiritual, primo a tecla “1” e aguardo. A mesma voz debita mais um menu de múltipla escolha: “Você escolheu assuntos espirituais. Para comércio de almas, prima 1. Para bruxedos e feitiços corriqueiros, prima 2. Para bruxedos e feitiços especiais com sacrifícios humanos, de cabras ou de galinhas pretas, prima 3. Para possessões, prima 4. Para a Assembleia da República, prima 5. Para outros assuntos, ou para ser atendido por um advogado, prima 6”. Nesta altura primo 6 e aguardo: “(…)o tempo médio de espera para atendermos a sua chamada é de 6 minutos. Relembramos que 6 minutos é pouco tempo face à eternidade(…)”. Uma fracção da eternidade depois, uma outra voz faz-se ouvir:
 
-   Inferno, boa tarde! Em que posso ser-lhe útil?
-   Boa tarde. Eu estou a ligar porque tenho um problema que penso poder catalogar de “espiritual”.
-   Muito bem… estou a ver. Tenho o prazer de estar a falar com… Já tem cartão de cliente?
-   Não, não! Não tenho cartão de cliente. É a primeira vez que estou a ligar para aí e o meu nome é ejail. Para já não pretendia aderir. Gostava, primeiramente, de aferir da qualidade do serviço.
-   Sr. Ejail, nós aqui no inferno, somos uma empresa certificada. Estamos certos de que, após experimentar os nossos serviços, se converterá num cliente habitual e ficará eternamente connosco. Mas qual é então o problema que o traz por cá?
-   Bem… é que eu sinto-me triste, só e vazio. Não sei como, mas estas três coisas cabem todas dentro de mim…
-   Hum… um pouco como a Santíssima Trindade…
-   Não diria tanto... Trindade sim, mas não santíssima… um bocado por aí…
-   É muito fácil para nós, empresa especializada e certificada, resolvermos o seu problema. Arranjamos-lhe já uma festa, uma Playmate e, quanto ao seu vazio, digamos que lhe podemos encher os bolsos com um jackpot do Euromilhões.
-   Uau! Hum… mas espere… e acha que, com isso, eu fico bem?
-   É garantido! Só tem de fazer uma coisa primeiro.
-   Sim, sim! O que é que tenho de fazer?
-   Tem que nos vender a sua alma. Hoje em dia é um processo de muito fácil concretização. Só tem que ir ao eBay e colocar um anúncio. “Alguém” a vai comprar. Mas pode também, se preferir, enviar a sua alma por transferência bancária no multibanco.
-   De facto, vocês ai no inferno, estão a trabalhar bem. Parece tudo tão fácil e a alma é algo que não parece fazer falta nenhuma no dia-a-dia. Se ninguém me dissesse que tenho alma, provavelmente nem sabia que a tinha. Mas não sei… vamos fazer assim: Vou tirar um tempo para reflectir e depois digo qualquer coisa…
(imagem retirada da internet)
E desligo.
 
Aquela coisa da alma… Aqui a atrasado estive a comparar-me a uma caneta e não via grandes diferenças. Era uma Bic… Não sei quase nada sobre a alma e pergunto-me se não será ela, a alma, a responsável por eu não ser “inanimado” como a caneta? Mas não sei… se estivesse a reparar um Boeing e visse um parafuso, e não soubesse para o que servia, acho que não o ia tirar…
 
Talvez, aproveitando um buraco na lei, eu consiga obter aquilo que pretendo e ficar com a alma. A lei diz que posso assinar um contrato e é-me concedido um período de carência em que posso voltar atrás. Portanto, a ideia seria vender a alma ao diabo, fazer a festa, fornicar a Playmate e ganhar o Euromilhões. Consumados os benefícios vou, num ápice, arrepender-me junto de Deus. Claro que há sempre coisas que podem correr mal, como por exemplo: Deus estar sem rede no telemóvel... Mas já pensei em tudo. Vou ligar a Deus de uma igreja, porque lá têm mais rede. Se, ainda assim, Deus não me atender, posso sempre tentar comprar uma outra alma que esteja para venda no eBay…
 
Não é fácil aplicar o sistema chinês ao capítulo espiritual. Um país e dois sistemas, versus, uma alma e dois deuses. Não é fácil e não sei se é viável. Ninguém pode andar muito tempo em cima do muro, algum dia há-de cair para um dos lados. Portanto, para evitar todas estas complicações, o melhor é manter o telemóvel junto ao escroto, não acreditar em Deus, não acreditar no diabo e não acreditar na alma. Talvez o melhor seja mesmo continuar a sentir-me triste, só e vazio.
 
“A grandeza da oração reside principalmente no facto de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio” - Antoine Saint-Exupéry.
 
Atentamente,
ejail.

Algaraviada

Maio 22, 2007

Esta coisa do coração mexe com a cabeça. E não há cabeça no mundo que consiga perceber o que o meu coração está a esconder. Porque ele próprio se esconde, cansado pela muita tristeza que teve - e que ainda tem - de carregar. Bem que o ouço a pedir descanso entre as - cada vez mais - frequentes arritmias. Bem que o ouço gemer entre cada batimento irregular. Parece quer desistir mas, quando já nada espero, eis que me bate de novo. Sinto-me muito só, perdido, sem perspectivas e com o coração nas mãos. Mas nada disto interessa – nem quero que interesse – a ninguém!
 
Fico revoltado por cair nesta condição de absoluta tristeza. Não me conformo! Mas esta solidão que me gela os ossos parece ser mais forte que todas as minhas forças. Pode dizer-se que é uma cobardia mas acho que mais cedo ou mais tarde isto vai acabar comigo. É claro que vou sempre dizer que não, que não, que não... Vou sempre repetir que não até fazer de conta que acredito. Mas, comigo… bem… comigo é só garganta…
(imagem retirada da internet)
A verdade é que, diga eu o que disser, nunca me senti tão só como hoje e não prevejo que o amanhã vá ser melhor. Hoje não vislumbro esperança, não vislumbro amor e não me sinto com fé para continuar. Estou sobremaneira cansado. Parece que hoje vou ter, sem dúvida, um bom combate pela frente. Parece que, amanhã, também. Hoje estou no meu melhor! E amanhã?...
 
Desatentamente,
ejail.

Miguel Street

Maio 06, 2007

Li, uma vez, num livro de V. S. Naipaul, intitulado de “Miguel Street”, uma frase que nunca mais esqueci. O livro é bom sem dúvida e vale muito mais do que por uma frase mas, foi esta “oração”, que mais me marcou. Dizia algures (não textualmente): Riste-te o dia todo, à noite vais chorar.
(imagem retirada da internet)
Conheci, recentemente, alguém especial. Tem um sentido de humor característico de uma pessoa inteligente e uma profundidade emocional que faz com que sinta vontade de a conhecer melhor. Passou por muito e chegou até aqui inteira, precisamente por ter tantas qualidades. É uma pessoa forte, sensível e consciente de si mesma. Oscila por momentos de revolta, de ironia e até de alguma normalidade, mas volta sempre, mais cedo ou mais tarde, aos momentos de melancolia que tanto a fazem sofrer. A noite acaba sempre por chegar…
 
Porque é, para mim, alguém tão especial, gostava de saber como a ajudar. Dizem, algumas correntes de pensamento, que para combater os sentimentos depressivos, devemos utilizar os opostos. Assim, para vencermos a tristeza devemos utilizar a alegria e para vencermos as lágrimas devemos utilizar um sorriso. Suponho que, tanto ela como eu, já nos apercebemos disso. Mas há tristezas, e agora falo por mim, que não desaparecem quando as regamos com alegria e há lágrimas que não secam quando as cobrimos com um sorriso. Apelando ao realismo, acho que há tristezas e lágrimas que apenas podem ser escondidas e não vencidas.
 
Eu não sou uma pessoa alegre, portanto este blog e eu não estamos a ser totalmente verdadeiros. Acho, sinceramente e modéstia à parte, que este blog e eu temos sido uma porcaria. Temo que todo o sentido de humor, que dediquei a esta pessoa, tenha feito com que eu não pareça uma pessoa genuína e tenha perdido credibilidade. Mas… só queria ajudar… Hoje já deu para ver que me sinto triste: já ri demais e talvez, ao dia 6 de Maio, tenha chegado novamente a noite. Mas voltando às raízes… Claro que, para ser honesto, tenho que responder à pergunta: porque a quero ajudar? E não sei a totalidade da resposta, mas sei como começa…
 
Eu gosto de ti, Gabi…
 
Teu José.

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