Palavra Amiga
Junho 11, 2007
Tardo em tingir a folha branca de nódoas negras. A raiva impele-me a recorrer à riqueza do calão para espancar a folha com as mais violentas palavras. Talvez isso me faça sentir menos mal… mas não há meio de o saber, porque não consigo. De resto, a impotência é uma palavra cada vez mais presente na minha vida. Hoje a solidão é diferente pois, até as palavras me abandonaram, e o próprio branco da folha é demasiado nítido. E é um branco tão obstinado que quase obriga os meus olhos a quererem cegar.
Sinto-me mal... Durante uma conversa, ao telemóvel, queria dizer tantas coisas e não consegui dizer nada. As palavras evaporavam-se como mercúrio ao sol. Apercebi-me de que estava completamente vazio e que nada mais tenho para oferecer. Dantes ainda encontrava uma palavra amiga mas, agora… nem isso consigo descobrir dentro de mim. Sinto-me completamente oco e inútil e, a cada dia que passa, o sentimento agrava-se…
Gostava de poder dizer “abracadabra” e, com essa palavra, enxugar as tuas lágrimas frias e desenhar-te um sorriso genuíno no rosto… mas falta-me a magia. Sou feito de apenas poeira e, em mim, não há quaisquer partículas de luz. Desculpa Gabi… tu és uma pessoa "one in a million" e mereces, claramente, um amigo muito melhor do que eu…
Um caloroso abraço,
do teu José.