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Quinta Dimensão

Exílio

Abril 30, 2021

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Tanta vida sem digestão,

tanta morte gerada por congestão.

O cansaço de mastigar as mesmas rimas,

endurecidas por tão estranhas enzimas.

 

Monólogos enferrujados e pesados como grilhões,

pensamentos estéreis e questões aos milhões.

O ar pernicioso e demasiado rarefeito,

adoecido por uma angústia que aperta no peito.

 

Estranha forma de vulto,

que se contorce no seio do tumulto.

Um espírito demasiado elanguescente,

aos olhos das cercanias, ultra-transparente.

Mas como (ou para quê) reflectir a luz e aparecer,

se os dias deste mundo não param de anoitecer?

Monty Hall

Abril 06, 2021

250px-Monty_open_door.svg.png

Longe de ser matemático (apenas um reles martemático*) deparei-me, há muitos anos atrás, enquanto lia um pequeno livro, com um enigma. Um problema que, paradoxalmente, ajuda a encontrar soluções. É conhecido como o “Problema de Monty Hall”.

 

De forma minimalista, o enunciado traduz-se da seguinte forma:

“Estamos num concurso televisivo. No cenário existem três portas fechadas. Sabe-se que atrás de uma das portas está um prémio - na forma de automóvel - e cada uma das outras portas esconde uma desilusão - na forma de bode. O apresentador dá a possibilidade de o concorrente escolher uma porta. Escolhida a porta, o apresentador (que sabe onde está o carro), decide apimentar o concurso com um pouco mais de suspense e abre uma das outras portas, revelando um bode. Estão agora duas portas fechadas e o apresentador pergunta ao concorrente se quer manter a decisão ou escolher a outra porta. O concorrente encontra-se num dilema e terá que decidir se segue a convicção inicial e mantém a decisão ou, pelo contrário, muda e opta pela outra porta ainda fechada.”

 

Para resolver este problema, de uma forma simples, vamos definir três portas fechadas, batizando-as de: “Porta A”, “Porta B” e “Porta C”. Vamos, também, convencionar que o carro se encontra atrás da “Porta A” e atrás da “Porta B” está um bode, assim como atrás da “Porta C” está outro bode. Então temos:

“Porta A” fechada com o carro;

“Porta B” fechada com um bode;

“Porta C” fechada com um bode.

Agora vamos esquematizar o reino das possibilidades (o que poderá acontecer):

  1. O concorrente escolhe a “Porta A” (onde está o carro);
    • O apresentador abre uma das outras portas (onde está um bode) e o concorrente muda para a outra porta fechada (onde também está um bode). – O concorrente ---> PERDE;
  2. O concorrente escolhe a “Porta B” (onde está um bode);
    • O apresentador só pode abrir a “Porta C” (onde está o outro bode) e o concorrente muda para a “Porta A” (onde está o carro). – O concorrente ---> VENCE;
  3. O concorrente escolhe a “Porta C” (onde está um bode);
    • O apresentador só pode abrir a “Porta B” (onde está o outro bode) e o concorrente muda para a “Porta A” (onde está o carro). – O concorrente ---> VENCE;

Inicialmente o concorrente tem uma possibilidade em três de acertar na porta que oculta o carro. A troca de porta resulta num rácio de vitória de duas possibilidades em três.

 

Não é fácil criar espaço entre o pensamento e as convenções ou perceções que vamos adquirindo ao longo dos anos. As próprias convicções só poderão ser importantes se não nos cegarem e nos limitarem. Muitas das convicções são construídas no passado, em dias que sabíamos menos que hoje, sendo que hoje sabemos pouco. É, pelo menos, um problema matemático que nos incita a fazer contas à vida. Invocando a minha avó materna, já dizem os ditados que “o diabo está nos detalhes” e “quem muda Deus ajuda”.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_de_Monty_Hall

Pilha-galinhas

Abril 04, 2021

Amador-AG2.jpg

Pergunto-me como me tornei tão anti-social?

 

O meu avô materno, na sua sóbria sabedoria transmontana, contava-me uma pequena história:

Era uma vez uma raposa. Certo dia, acossada por um Sol impiedoso e fustigada pela sede, encontrou refúgio na sombra de uma ramada. Acima dela umas uvas deliciosas que, apesar de encorpadas, não davam parte fraca perante o peso da gravidade. Pareciam troçar da condição menos favorável do animal. A raposa astuta fita os olhos nos frutos e demora-se. Pela sua mente passam milhares de pensamentos até que, por fim e de uma forma tão seca como a sua boca, diz para si mesmo:

- Estão verdes.

Não pensando mais no assunto, seguiu o seu caminho.

 

Sento-me debaixo de uma ramada de pensamentos.

Um manto de outono cobre as primaveras dos meus melhores anos e, apesar de não querer dar parte fraca perante o peso da idade, sinto-me maduro.

Mesmo assim, decido ocupar o lugar da raposa... e das uvas.

Demoro-me em milhares de pensamentos, até olhar novamente para mim.

Vislumbro uma criança velha, perdida num mundo estranho de adultos estranhos.

Um amador da existência.

- Estou verde.

Como foi possível não ter amadurecido?

Sinto que explica muito na minha vida mas sinto muito que não explique tudo.

É necessário um pouco mais de introspeção.

Limpo a névoa e olho mais um pouco.

Desta vez não me vou esconder.

A verdade é crua e pode ser cruel mas é com ela que tenho de seguir caminho.

Pergunto-me como me tornei tão anti-social?

 

“Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto.

Cada árvore conhece-se pelo seu fruto; não se colhem figos dos espinhos, nem uvas dos abrolhos.” - (Lucas 6:43-44)

 

As melhores respostas são as que trazem mais perguntas:

- Estou podre e perdi o meu caminho.

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