Nevoeiro
Agosto 06, 2019
Chegamos à praia, eu e a bicicleta.
Já não somos novos mas fugitivos de Cronos.
É cedo e uma cortina de nevoeiro cerrado faz-me questionar se estou acordado.
Contemplo o mar: cinzento e sereno.
Um vem e vai de pequenas ondas que cantam como sereias.
Deixo-me seduzir.
A espuma acaricia a areia enquanto me tenta alcançar.
Tudo é simples e, no entanto, tão belo.
Deixo-me estar.
As pegadas unem-se aos passos que não dei.
Deixo-me ir.
A maresia e o orvalho trespassam a máscara e acariciam-me o rosto.
Sinto a alma e, nesse momento, dou por mim menos desacompanhado.
Deixo o ser e deixo-me ser.
Encontro-me.
Mas, com tanto nevoeiro, o mais certo é perder-me.