Há Caldo Verde e Bifanas
Outubro 02, 2007
Não há nada Caldo Verde nem Bifanas! Apeteceu-me colocar “Há Caldo Verde e Bifanas” no título mas o post não tem nada a ver com isso. Já sei que é defraudar as expectativas mas… pensando bem: alguém, ao entrar neste blog, tinha expectativas?..
Geralmente só consigo escrever quando estão reunidas três condições essenciais: tenho de estar deprimido, não posso estar demasiado cansado e a televisão não pode estar a passar os comentários do Marcelo Rebelo de Sousa.
Houve aí uns dias em que, de facto, eu não andei deprimido. Até queria escrever e fazia de tudo para me deprimir mas, confesso, os meus esforços goraram-se num rotundo falhanço. Alturas houve em que estive quase a atingir um estado Zen de depressão mas, simplesmente, não me conseguia concentrar o suficiente e perdia a pujança antes de consumar o acto. Lamentável e vergonhoso! Até nisso me sinto inútil... Mas palpita-me que, finalmente, terei conseguido.
Sinto-me abatido e hoje, particularmente, triste. Sinto uma enorme vontade de metralhar o vazio da folha com o negro das letras e, ao mesmo tempo, deparo-me com um grande cansaço, em forma de bloqueio, que me causa impotência intelectual (talvez não apenas intelectual, mas isso não é tema para aqui e sim assunto para discutir em local próprio). Não sei como traduzir o que me vai na alma. Não sei como explicar, não é fácil. Sinto-me quase como um espirro aprisionado, como um soluço engasgado. É algo, talvez, como aquelas diarreias intestinais que precisam de explodir mas que se deparam com uma irritante e inesperada prisão de ventre. É essa, sem dúvida, a imagem mais apropriada para definir o meu caótico estado de espírito.
Mas a verdade é que me sinto deprimido. A verdade é que me sinto cansado. A verdade é que hoje me sinto tão ausente que, se calhar, até podia ouvir o Marcelo Rebelo de Sousa, discursar durante nove horas, com total apatia e indiferença (ou, vendo bem as coisas e pensando melhor, talvez não!). Há certas coisas que não nos matam mas deitam-nos ao chão. Há certas coisas que magoam. Mas eu não me deixo ir abaixo e há, de facto, certas coisas que magoam só que, da mesma forma que magoam, também saram. Da mesma forma que nós caímos também nos levantamos. É só uma questão de tempo. O tempo é, em última análise, como um xamã: um bom conselheiro e um melhor curandeiro. É bem verdade que hoje me sinto muito abatido mas, amanhã, não sei como me vou sentir (apesar de ter fortes suspeitas). Tenho objectivos a atingir, sonhos a realizar e ambições a materializar. Finalmente sei para onde quero ir. Finalmente sinto que, apesar das dificuldades e dos espinhos, trilho o caminho certo. Há que ser (moderadamente) optimista!
Peço desculpa a todos os meus (poucos mas bons) leitores pela minha ausência prolongada. Quero que saibam que, neste intervalo de tempo, não deixei de espreitar os vossos excelentes blogs. Por fim, agradeço todos os simpáticos comentários que me deixaram. Não vos mereço e vocês não merecem o fardo de me aturarem.
Atentamente,
ejail.