3 Perguntas Sem Resposta - Parte 1
Maio 10, 2007
Desde tempos imemoriais que a filosofia encerra três questões que têm assolado a humanidade. Muitos teólogos, pensadores e experimentalistas se têm debruçado sobre elas mas até hoje continuam sem uma resposta inequívoca. São elas, por ordem meramente aleatória:
- Quem sou eu?
- O que há para além da morte?
e
- Porque é que a galinha atravessou a estrada?
Não sou pretensioso ao ponto de tentar responder a qualquer destas questões. Quando penso naqueles pensadores que ensaiaram pensamentos em volta destas perguntas, torno-me subitamente mais humilde. Mas nada impede que procure, para mim mesmo, algumas tentativas de resposta para tentar saciar o meu espírito inquieto.
Quem sou eu?
Que pergunta! Estou na minha secretária a escrever e penso: será que a caneta, que tenho à minha frente, tem consciência de si mesma? Alguém poderá dizer que é um objecto inanimado e, dessa forma, responder rapidamente à pergunta. Mas, por outro lado, se pudéssemos pegar num microscópio superpotente e fossemos analisando a caneta, cada vez mais ao pormenor, até chegarmos ao nível do átomo, do electrão, ou do quark, veríamos que, tal como num ser vivo, há actividade na matéria que compõe a caneta. Portanto, custa-me dizer que a caneta é um objecto inanimado… Mas, apesar disso, não me custa admitir que a caneta não tem consciência de si mesma.
A caneta é um objecto constituído por uma infinidade de partículas de matéria. Eu sou um objecto constituído por uma infinidade de partículas de matéria. O que me distingue da caneta? Há algo que tenho que, aparentemente, a caneta não terá: uma consciência. A caneta escreve porque alguém pega nela e faz a sua ponta deslizar por uma folha de papel. Não me parece que tenha vontade própria. Mas, por outro lado, será que a minha vida vai sendo escrita de acordo com a minha vontade própria? Nesse aspecto poderei sentir-me, uma vez mais, igual à caneta. Mas há mais semelhanças entre mim e a caneta. A caneta escreve até se lhe acabar a tinta. Depois, ou é deitada fora, ou recarregada para continuar a escrever. Em certa medida, a nossa vida também vai sendo escrita e, como a tinta, vai-se acabando. Depois, quando a vida acabar, podem acontecer duas coisas: não há mais nada para além da morte e isso significa que vou para o lixo – se tiver sorte, servir de húmus para adubar os campos agrícolas - ou, pelo contrário, há algo mais para além da morte e é-me dada uma recarga de vida, para além de servir de húmus para adubar os campos agrícolas. Este paradigma, no entanto, já se enquadra na segunda questão e não a quero, para já, desenvolver.
O importante, neste momento, é saber se tenho consciência de mim mesmo. É saber se sou potencialmente diferente da caneta que, aqui, representa um ser “inanimado”. Talvez, como a caneta, eu não consiga impor a minha vontade mas, pelo menos, consigo impor a minha dúvida. E, será a dúvida, composta por matéria? Será que devo procurar na matéria a diferença entre mim e a caneta? Será que é no capítulo material que devemos procurar as diferenças entre um ser animado e um objecto inanimado?
O facto de poder questionar, quem sou e o que é a questão, deve ser facto suficiente para me dar ânimo. Portanto, à pergunta “quem sou eu?”, respondo: Não sei, só sei que estou animado…
(Continua... quando a caneta tiver vontade...)