BLOG EM POSTas
Julho 04, 2007
A forma como aqui coloco as letras, faz-me lembrar aqueles escaravelhos do canal Odisseia, a arrastarem berlindes de merda de búfalo (ou de outro animal de porte igualmente abastado). As letras chegam aqui já sem vontade própria. Chegam cansadas, desacreditadas e desoladas. Eu desapontei-as.
(imagem retirada da internet)
Ultimamente não consigo escrever nada. Nada de jeito, pelo menos. Não tenho talento, não tenho ideias e não tenho vivências. Interiormente sinto-me vazio e – parecendo, mas não sendo redundante - sinto-me oco. Mas, talvez, “vazio” e “oco” não sejam os termos mais felizes para retratar o que se passa cá por dentro. Se fosse só isso... Esse “vazio” e esse “oco” estão preenchidos por uma angústia e uma confusão que me tornam, de todo, improfícuo. Retiram-me toda e qualquer utilidade. Sinto os neurónios dormentes e os neurotransmissores enleados em teias de aranha elanguescentes. Transformei-me, unicamente, numa espécie de prostituto de sentimentos e pensamentos. O blog, por sua vez, tornou-se num simples muro de lamentações e é, cada vez mais, um espaço autista: tenho escrito muito mas, maioritariamente, numa perspectiva de dentro para dentro. É uma escrita fechada com posts demasiado sérios, sisudos, cinzentos e graves.
Estou, claramente, abaixo de forma. Nunca mais vou dar nada… se é que alguma vez dei. Estou queimado. Estou, psicossomaticamente falando, fodido. Sinto-me um morto-vivo morto. Acho que já atingi aquele ponto de onde não há como retornar. Acho que, para o meu caso perdido, só há uma última solução de recurso: acho que estou, desesperadamente, a precisar de um relacionamento tórrido.
Estou a precisar, talvez, de uma mulher que me levante… a moral.
Atentamente,
ejail.